Coisas da Tamonca

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Conceição do Coité, Bahia, Brazil
Pedagoga, Matemática, Mãe, Gestora da Escola Antônio Bahia-Conceição do Coité, Petista por enquanto, Amo LULA, luto por justiça, igualdade, odeio qualquer tipo de calúnia, discriminação ou preconceito. E vou vivendo... Música, poesia, livros, arte, cultura, internet, política e educação são minhas diversões. No mais o mundo é uma caixinha de surpresas, é só querer descobrir!

domingo, 13 de março de 2011

Ousar Lutar, Ousar Vencer!: O Comício da Central

O Comício da Central


Em 13 de março de 1964 aconteceu o Comício da Central do Brasil no Rio de Janeiro. Nele o presidente João Goulart (Jango) falou para as cerca de 150 mil pessoas e apresentou as propostas para as mudanças estruturais do país, entre elas a estatização das refinárias de petróleo, a desapropriação das terras com mais de 600 hectares às margens das rodovias federais, das ferrovias e dos açudes, a reforma educacional, a erradicação do analfabetismo com base no método Paulo Freire e o controle sobre as remessas de lucro para o exterior, que ficariam conhecidas como Reformas de Base.

A reação da direita foi imediata, poucos dias depois ocorreu em São Paulo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade e em 31 de março do mesmo ano os militares usurparam o poder e emergulhamos em um dos períodos mais sombrios da história deste país, que durou mais de 40 anos.
Abaixo o discurso proferido por Jango no Comício da Central.



"Devo agradecer em primeiro lugar às organizações promotoras deste comício, ao povo em geral e ao bravo povo carioca em particular, a realização, em praça pública, de tão entusiasta e calorosa manifestação. Agradeço aos sindicatos que mobilizaram os seus associados, dirigindo minha saudação a todos os brasileiros que, neste instante, mobilizados nos mais longínquos recantos deste país, me ouvem pela televisão e pelo rádio.
Dirijo-me a todos os brasileiros, não apenas aos que conseguiram adquirir instrução nas escolas, mas também aos milhões de irmãos nossos que dão ao Brasil mais do que recebem, que pagam em sofrimento, em miséria, em privações, o direito de ser brasileiro e de trabalhar sol a sol para a grandeza deste país.
Presidente de 80 milhões de brasileiros, quero que minhas palavras sejam bem entendidas por todos os nossos patrícios.
Vou falar em linguagem que pode ser rude, mas é sincera sem subterfúgios, mas é também uma linguagem de esperança de quem quer inspirar confiança no futuro e tem a coragem de enfrentar sem fraquezas a dura realidade do presente.
Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente, na presença das mais significativas organizações operárias e lideranças populares deste país.
Chegou-se a proclamar, até, que esta concentração seria um ato atentatório ao regime democrático, como se no Brasil a reação ainda fosse a dona da democracia, e a proprietária das praças e das ruas. Desgraçada a democracia se tiver que ser defendida por tais democratas. (...)
A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam.
A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares e que levou Getúlio Vargas ao supremo sacrifício.
Ainda ontem, eu afirmava, envolvido pelo calor do entusiasmo de milhares de trabalhadores no Arsenal da Marinha, que o que está ameaçando o regime democrático neste País não é o povo nas praças, não são os trabalhadores reunidos pacificamente para dizer de suas aspirações ou de sua solidariedade às grandes causas nacionais. Democracia é precisamente isso: o povo livre para manifestar-se, inclusive nas praças públicas, sem que daí possa resultar o mínimo de perigo à segurança das instituições. (...)
Estaríamos, sim, ameaçando o regime se nos mostrássemos surdos aos reclamos da Nação, que de norte a sul, de leste a oeste levanta o seu grande clamor pelas reformas de estrutura, sobretudo pela reforma agrária, que será como complemento da abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros que vegetam no interior, em revoltantes condições de miséria
Ameaça à democracia não é vir confraternizar com o povo na rua. Ameaça à democracia é empulhar o povo explorando seus sentimentos cristãos, mistificação de uma indústria do anticomunismo, pois tentar levar o povo a se insurgir contra os grandes e luminosos ensinamentos dos últimos Papas que informam notáveis pronunciamentos das mais expressivas figuras do episcopado brasileiro. (...)
Àqueles que reclamam do Presidente de República uma palavra tranqüilizadora para a Nação, o que posso dizer-lhes é que só conquistaremos a paz social pela justiça social.
Perdem seu tempo os que temem que o governo passe a empreender uma ação subversiva na defesa de interesses políticos ou pessoais; como perdem igualmente o seu tempo os que esperam deste governo uma ação repressiva dirigida contra os interesses do povo. Ação repressiva, povo carioca, é a que o governo está praticando e vai ampliá-la cada vez mais e mais implacavelmente, assim na Guanabara como em outros estados contra aqueles que especulam com as dificuldades do povo, contra os que exploram o povo e que sonegam gêneros alimentícios e jogam com seus preços.
Não receio ser chamado de subversivo pelo fato de proclamar, e tenho proclamado e continuarei a proclamando em todos os recantos da Pátria “ a necessidade da revisão da Constituição, que não atende mais aos anseios do povo e aos anseios do desenvolvimento desta Nação.
Essa Constituição é antiquada, porque legaliza uma estrutura sócio-econômica já superada, injusta e desumana; o povo quer que se amplie a democracia e que se ponha fim aos privilégios de uma minoria; que a propriedade da terra seja acessível a todos; que a todos seja facultado participar da vida política através do voto, podendo votar e ser votado; que se impeça a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais e seja assegurada a representação de todas as correntes políticas, sem quaisquer discriminações religiosas ou ideológicas.
Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros. (...)
É apenas de lamentar que parcelas ainda ponderáveis que tiveram acesso à instrução superior continuem insensíveis, de olhos e ouvidos fechados à realidade nacional.
São certamente, trabalhadores, os piores surdos e os piores cegos, porque poderão, com tanta surdez e tanta cegueira, ser os responsáveis perante a História pelo sangue brasileiro que possa vir a ser derramado, ao pretenderem levantar obstáculos ao progresso do Brasil e à felicidade de seu povo brasileiro. (...)
E podeis estar certos, trabalhadores, de que juntos o governo e o povo: “operários, camponeses, militares, estudantes, intelectuais e patrões brasileiros, que colocam os interesses da Pátria acima de seus interesses, haveremos de prosseguir de cabeça erguida, a caminhada da emancipação econômica e social deste país.
O nosso lema, trabalhadores do Brasil, é progresso com justiça, e desenvolvimento com igualdade. (...)
Vamos continuar lutando pela construção de novas usinas, pela abertura de novas estradas, pela implantação de mais fábricas, por novas escolas, por mais hospitais para o nosso povo sofredor; mas sabemos que nada disso terá sentido se ao homem não for assegurado o direito sagrado ao trabalho e uma justa participação nos frutos deste desenvolvimento.
Não, trabalhadores; sabemos muito bem que de nada vale ordenar a miséria, dar-lhe aquela aparência bem comportada com que alguns pretendem enganar o povo. Brasileiros, a hora é das reformas de estrutura, de métodos, de estilo de trabalho e de objetivo. Já sabemos que não é mais possível progredir sem reformar; que não é mais possível admitir que essa estrutura ultrapassada possa realizar o milagre da salvação nacional para milhões de brasileiros que da portentosa civilização industrial conhecem apenas a vida cara, os sofrimentos e as ilusões passadas.
O caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos.
Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da SUPRA com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa Pátria. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos.
Ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido. Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado. Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro.
O que se pretende com o decreto que considera de interesse social para efeito de desapropriação as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável.
Não é justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento vá servir aos interesses dos especuladores de terra, que se apoderaram das margens das estradas e dos açudes. A Rio-Bahia, por exemplo, que custou 70 bilhões de dinheiro do povo, não deve beneficiar os latifundiários, pela multiplicação do valor de suas propriedades, mas sim o povo. (...)
Reforma agrária com pagamento prévio do latifúndio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária. É negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro. Por isso o decreto da SUPRA não é a reforma agrária.
Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária. Sem emendar a Constituição, que tem acima de dela o povo e os interesses da Nação, que a ela cabe assegurar, poderemos ter leis agrárias honestas e bem-intencionadas, mas nenhuma delas capaz de modificações estruturais profundas.
Graças à colaboração patriótica e técnica das nossas gloriosas Forças Armadas, em convênios realizados com a SUPRA, graças a essa colaboração, meus patrícios espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios aos lados das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reivindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalham para o dono da terra, entregam, como aluguel, metade de sua produção. E não se diga, trabalhadores, que há meio de se fazer reforma sem mexer a fundo na Constituição. Em todos os países civilizados do mundo já foi suprimido do texto constitucional parte que obriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio, a pagamento em dinheiro.
No Japão de pós-guerra, há quase 20 anos, ainda ocupado pelas forças aliadas vitoriosas, sob o patrocínio do comando vencedor, foram distribuídos dois milhões e meio de hectares das melhores terras do país, com indenizações pagas em bônus com 24 anos de prazo, juros de 3,65% ao ano. E quem é que se lembrou de chamar o General MacArthur de subversivo ou extremista?
Na Itália, ocidental e democrática, foram distribuídos um milhão de hectares, em números redondos, na primeira fase de uma reforma agrária cristã e pacífica iniciada há quinze anos, 150 mil famílias foram beneficiadas.
No México, durante os anos de 1932 a 1945, foram distribuídos trinta milhões de hectares, com pagamento das indenizações em títulos da dívida pública, 20 anos de prazo, juros de 5% ao ano, e desapropriação dos latifúndios com base no valor fiscal.
Na Índia foram promulgadas leis que determinam a abolição da grande propriedade mal aproveitada, transferindo as terras para os camponeses.
Essas leis abrangem cerca de 68 milhões de hectares, ou seja, a metade da área cultivada da Índia. Todas as nações do mundo, independentemente de seus regimes políticos, lutam contra a praga do latifúndio improdutivo.
Nações capitalistas, nações socialistas, nações do Ocidente, ou do Oriente, chegaram à conclusão de que não é possível progredir e conviver com o latifúndio.
A reforma agrária é também uma imposição progressista do mercado interno, que necessita aumentar a sua produção para sobreviver.
Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo em que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não tem dinheiro para comprar.
Assim, a reforma agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas também para dar mais trabalho às industrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano.
Interessa, por isso, também a todos os industriais e aos comerciantes. A reforma agrária é necessária, enfim, à nossa vida social e econômica, para que o país possa progredir, em sua indústria e no bem-estar do seu povo.
Como garantir o direito de propriedade autêntico, quando dos quinze milhões de brasileiros que trabalham a terra, no Brasil, apenas dois milhões e meio são proprietários?
O que estamos pretendendo fazer no Brasil, pelo caminho da reforma agrária, não é diferente, pois, do que se fez em todos os países desenvolvidos do mundo. É uma etapa de progresso que precisamos conquistar e que haveremos de conquistar.
Esta manifestação deslumbrante que presenciamos é um testemunho vivo de que a reforma agrária será conquistada para o povo brasileiro. O próprio custo daprodução, trabalhadores, o próprio custo dos gêneros alimentícios está diretamente subordinado às relações entre o homem e a terra. Num país em que se paga aluguéis da terra que sobem a mais de 50 por cento da produção obtida daquela terra, não pode haver gêneros baratos, não pode haver tranquilidade social. No meu Estado, por exemplo, o Estado do deputado Leonel Brizola, 65% da produção de arroz é obtida em terras alugadas e o arrendamento ascende a mais de 55% do valor da produção. O que ocorre no Rio Grande é que um arrendatário de terras para plantio de arroz paga, em cada ano, o valor total da terra que ele trabalhou para o proprietário. Esse inquilinato rural desumano é medieval é o grande responsável pela produção insuficiente e cara que torna insuportável o custo de vida para as classes populares em nosso país. (...)
E é claro, trabalhadores, que só se pode iniciar uma reforma agrária em terras economicamente aproveitáveis. E é claro que não poderíamos começar a reforma agrária, para atender aos anseios do povo, nos Estados do Amazonas ou do Pará. A reforma agrária deve ser iniciada nas terras mais valorizadas e ao lado dos grandes centros de consumo, com transporte fácil para o seu escoamento. (...)
Não me animam, trabalhadores e é bom que a nação me ouça quaisquer propósitos de ordem pessoal. Os grandes beneficiários das reformas serão, acima de todos, o povo brasileiro e os governos que me sucederem. A eles, trabalhadores, desejo entregar uma Nação engrandecida, emancipada e cada vez mais orgulhosa de si mesma, por ter resolvido mais uma vez, pacificamente, os graves problemas que a História nos legou. Dentro de 48 horas, vou entregar à consideração do Congresso Nacional a mensagem presidencial deste ano.
Mas estaria faltando ao meu dever se não transmitisse, também, em nome do povo brasileiro, em nome destas 150 ou 200 mil pessoas que aqui estão, caloroso apelo ao Congresso Nacional para que venha ao encontro das reinvindicações populares, para que, em seu patriotismo, sinta os anseios da Nação, que quer abrir caminho, pacífica e democraticamente para melhores dias. Mas também, trabalhadores, quero referir-me a um outro ato que acabo de assinar, interpretando os sentimentos nacionalistas destes país. Acabei de assinar, antes de dirigir-me para esta grande festa cívica, o decreto de encampação de todas as refinarias particulares.
A partir de hoje, trabalhadores brasileiros, a partir deste instante, as refinarias de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas, e Destilaria Rio Grandense passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional.
Ao anunciar, à frente do povo reunido em praça pública, o decreto de encampação de todas as refinarias de petróleo particulares, desejo prestar homenagem de respeito àquele que sempre esteve presente nos sentimentos do nosso povo, o grande e imortal Presidente Getúlio Vargas. (...)
Na mensagem que enviei à consideração do Congresso Nacional, estão igualmente consignadas duas outras reformas que o povo brasileiro reclama, porque é exigência do nosso desenvolvimento e da nossa democracia. Refiro-me à reforma eleitoral, à reforma ampla que permita a todos os brasileiros maiores de 18 anos ajudar a decidir dos seus destinos, que permita a todos os brasileiros que lutam pelo engrandecimento do país influir nos destinos gloriosos do Brasil. Nesta reforma, pugnamos pelo princípio democrático, princípio democrático fundamental, de que todo alistável deve ser também elegível.
Também está consignada na mensagem ao Congresso a reforma universitária, reclamada pelos estudantes brasileiros. Pelos universitários, classe que sempre tem estado corajosamente na vanguarda de todos os movimentos populares nacionalistas. (...)
Dentro de poucas horas, outro decreto será dado ao conhecimento da Nação. É o que vai regulamentar o preço extorsivo dos apartamentos e residências desocupados, preços que chegam a afrontar o povo e o Brasil, oferecidos até mediante o pagamento em dólares. Apartamento no Brasil só pode e só deve ser alugado em cruzeiros, que é dinheiro do povo e a moeda deste país. Estejam tranqüilos que dentro em breve esse decreto será uma realidade. (...)
Ao encerrar, trabalhadores, quero dizer que me sinto reconfortado e retemperado para enfrentar a luta que tanto maior será contra nós quanto mais perto estivermos do cumprimento de nosso dever. À medida que esta luta apertar, sei que o povo também apertará sua vontade contra aqueles que não reconhecem os direitos populares, contra aqueles que exploram o povo e a Nação.
Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil."

sábado, 12 de março de 2011

Viomundo: Japão: Quando tudo, de repente, treme (o depoimento do professor)

Visite a página do Viomundo e veja os vídeos.


Ouvido pelo New York Times, o professor William Tsutui, que estava em Tóquio na hora do terremoto, deu seu depoimento:
O dr. Tsutsui caminhou pela cidade depois [do primeiro terremoto], experimentando os tremores secundários, e disse que não viu danos reais às estruturas em qualquer lugar. As estruturas estavam em pé, ele disse, enquanto as pessoas em bicicletas ou motos tinham caído no chão.
“É realmente um testemunho sobre os métodos de construção japoneses”, ele disse. “Não consigo imaginar um terremoto desta magnitude em Los Angeles ou São Francisco causando poucos danos. O contraste com o Haiti não poderia ser mais extremo”.
*****
Certa vez, quando eu, Azenha,  fui ao Japão fazer uma grande reportagem — que incluiu o monitoramento do monte Fuji e o sistema de resgates de Kobe, que já foi devastada por um terremoto –, entrei sob um prédio de Tóquio para filmar os gigantescas molas amortecedoras que permitem ao edifício chacoalhar sem tombar. Impressionante!

Viomundo: Conceição Lemes: Remédios para emagrecer emagrecem?

Conceição Lemes: Remédios para emagrecer emagrecem?

por Conceição Lemes
Os remédios para emagrecer são mania nacional. É ligar televisão ou rádio, acessar internet, abrir jornal ou revista. Anúncios deles existem aos montes.  Porém, os cientificamente testados e os aprovados são poucos. E todos — atenção! — ainda longe do ideal.
Desde o final de janeiro, um deles, a sibutramina, está proibido em todos os países da Europa. Nos Estados Unidos, a FDA, a agência de controle de alimentos e medicamentos, determinou a inclusão de novas contraindicações na bula do produto. A sibutramina não deve ser usada em pacientes com história de doenças cardiovasculares ou com fatores de risco para desenvolvê-las.
Aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez o mesmo.  Ainda em fevereiro, a Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) fará nova avaliação dos estudos, para decidir se amplia as restrições do uso do remédio.
A decisão da Agência Europeia de Medicamentos (EMA – European Medicine Agency) de proibir a sibutramina foi a divulgação dos resultados do estudo denominado SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes). Durante seis anos, ele avaliou 10 mil pacientes obesos com risco aumentado de doenças cardiovasculares.
No grupo que tomou placebo (preparação neutra, com aparência do remédio verdadeiro, mas sem efeito farmacológico), 10% tiveram infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou parada cardíaca. Já no que tomou a sibutramina, a porcentagem foi maior: 11,45%.  Um aumento de 16%, quando comparado ao tratado com placebo.
“O estudo foi feito com pacientes com história de doenças cardioavasculares para os quais geralmente nós já não prescrevíamos a sibutramina”, explica médica endocrinologista Maria Teresa Zanella, professora titular de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O médico endocrinologista Simão Lottenberg, do Serviço de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da USP, acrescenta: “Embora não houvesse contraindicação formal, a recomendação era de que fosse administrada com cautela em obesos hipertensos ou com problemas  cardiovasculares, já que eventualmente a sibutramina pode aumentar a pressão arterial e causar arritmia [alteração do ritmo dos batimentos cardíacos]”.
A doutora Maria Teresa reforça: “Na prática, nós já adotávamos as contraindicações estabelecidas atualmente pela Anvisa em função do novo estudo”.
A DROGA IDEAL AINDA NÃO EXISTE; TODAS TÊM EFEITOS COLATERAIS
“O fato é que, mesmo os aprovados, por si só não resolvem a obesidade. Eles apenas ajudam no processo de emagrecimento”, alerta Simão Lottenberg “Se não forem acompanhados de reeducação alimentar e atividade física, eles não funcionam. Todos ainda têm efeitos colaterais.”
“Na verdade, o desafio da ciência é conseguir uma droga que atue essencialmente na queima de calorias, de forma a gastar a gordura estocada a mais”, “Essa droga ainda não existe.”
Os remédios hoje disponíveis agem fundamentalmente no mecanismo de ingestão de calorias:
* Anfetamínicos – Mazindol, femproporex e anfepramona são os nomes químicos. “Primos” da anfetamina, eles aumentam a produção de adrenalina pelo organismo, diminuindo a fome no horário em que é tomado. Custam barato, mas produzem muitos efeitos colaterais: ansiedade, insônia, agitação, irritabilidade, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), devem ser usados em baixas doses, no máximo por três meses, pois causam dependência e, principalmente, tolerância: com o tempo, a pessoa precisa usar doses cada vez maiores para a medicação funcionar. E, aí, aumenta o risco de alterações psíquicas, cardíacas e de pressão arterial.
* Sibutramina – Mais segura do que os anfetamínicos, tira um pouco do apetite e aumenta a saciedade. Como qualquer medicação, pode provocar efeitos colaterais, como dor de cabeça, alterações emocionais e na pressão arterial. Portanto, seu uso deve ser monitorado, até porque não são todos que se beneficiam do tratamento: cerca de 60% dos usuários perdem peso; 40%, não.
“A sibutramina diminui a ansiedade, por isso é mais indicada para os comedores compulsivos”, informa  Lottenberg. Outras drogas que aumentam a saciedade e têm sido usadas no tratamento da obesidade são a fluoxetina e a sertralina (antidepressivos) e o topiramato (anticonvulsivante).
* Orlistat – Diferentemente de anfetamínicos, sibutramina, fluoxetina, sertralina e topiramato, o orlistat não age no cérebro, portanto não tira o apetite nem aumenta a saciedade. Sua forma de atuação: ele diminui em 30% a absorção da gordura da alimentação. Seu efeito colateral mais importante é a diarreia: a maior quantidade de gordura no intestino faz com que ele funcione mais rápido, aumentando o número de evacuações diárias. Por vezes acontecem “acidentes”, principalmente quando se come algum alimento mais gorduroso. Assim como a sibutramina, pode ser usado por tempo prolongado e em cerca de 40% das pessoas não funciona. Custa muito caro.
“A opção por um desses remédios depende de cada caso. Tem de pesar risco, benefícios, efeitos colaterais, contraindicações e custo financeiro”, esclarece Lottenberg. “Por si só, nenhum é capaz de solucionar a obesidade. Eles são apenas coadjuvantes do processo de emagrecimento.”
“Além disso, quando as pessoas perdem cerca de 10% do peso, esses medicamentos fazem um platô”, chama a atenção Maria Teresa. “Isso significa que, mesmo que continuem sendo usados, a pessoa pára de emagrecer.”
Por tudo isso, atenção:
1) não existe droga milagrosa para emagrecer, nem aqui nem no restante do mundo; se alguém te prometer o contrário, está mentindo.
2) esses poucos remédios aprovados devem ser usados sob rigorosa prescrição médica;
3) não substituem em hipótese alguma a reeducação alimentar e a atividade física;
4) nenhum deles permite que se coma à vontade e ser sedentário;  se não houver mudança no estilo de vida, não funcionam;
5) a mudança de hábitos é a única receita que faz você eliminar os quilos extras e manter o peso saudável por tempo prolongado. Com a vantagem de não ter efeitos colaterais e beneficiar toda a sua saúde.

Viomundo: Drogas: O que falar com os filhos

Excelente texto, mas eu me pergunto: E QUEM NÃOTEM FAMÍLIA?. Acho que a polícia é quem resolve...


Drogas: O que falar com os filhos

por Conceição Lemes
O consumo de drogas, inclusive álcool, cresce na maior parte dos países. No Brasil, mais da metade das pessoas já experimentou alguma droga ilícita e a iniciação é cada vez mais precoce. Daí a importância da prevenção.
No seu entender, qual destes discursos deve ser adotado por uma mãe ou um pai:
a) Meu filho, evite as drogas.
b) Meu filho, o problema não é a droga; é a polícia, o bandido. Então venha usar aqui em casa.
c) Meu filho, eu sei lidar, você saberá lidar também. Como você é um bom garoto, a questão está em suas mãos.
“A longo prazo, filhos de pais que lançam mão do discurso a usam menos drogas do que os dos que recorrem ao b ou c, que são ambíguos. É difícil o adolescente entender que drogas fazem mal se o uso é permitido em casa”, alerta o psiquiatra e professor André Malbergier, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea), da Faculdade de Medicina da USP. Ele avisa: “O cérebro dos adolescentes não está preparado para lidar com situações de prazer envolvidas no uso de cigarro, álcool e drogas ilícitas, o que aumenta o risco de se tornarem usuários”.
Existem no cérebro regiões que medeiam a relação de prazer que temos com as coisas da vida. Algumas substâncias nele produzidas estão envolvidas nessas sensações. Uma delas é a serotonina, ligada à tranquilidade e ao bem-estar. Outra é a dopamina, associada ao prazer. Em adultos saudáveis, a produção de serotonina e de dopamina é relativamente equilibrada. Já os adolescentes produzem normalmente menos serotonina e mais dopamina. Porém, a partir do momento em que começam a usar drogas, têm o circuito cerebral de prazer alterado.
“As drogas potencializam o efeito da dopamina. Funcionam como reforçador do prazer que dificilmente se obtém nas atividades comuns”, explica Malbergier. “Por isso o risco de o adolescente perder o controle sobre o consumo de drogas é consideravelmente maior do que o de alguém que inicia aos 30, 40 anos.”
Mas não é só. Outros fatores contribuem para que adolescentes e até pré-adolescentes se tornem usuários quando entram em contato com drogas: a tendência à impulsividade e a dificuldade de esperar pelo prazer – ele tem de ser imediato; pressão do grupo social; vulnerabilidade genética devido ao tipo de personalidade – há garotos e garotas que nascem com maior propensão à busca de sensações de grande impacto; história familiar de conflitos importantes; falta de um dos pais ou distanciamento de ambos; abuso sexual; violência; acessibilidade.
– Mas eu sempre soube lidar com droga, meu filho saberá também. Isso é coisa da adolescência…
O fato de você ter o consumo sob controle não significa que seu garoto ou sua garota terá, por melhor que eles sejam. Deixar essa questão só nas mãos dos jovens é um risco. Promover saúde é tentar evitar o contato.
– Ah… Mas eu usei drogas dos 18 aos 25 anos, hoje tenho 40, sou um executivo bem-sucedido, trabalho numa boa…
Por mais careta que pareça, o discurso de evitação colabora para que os filhos usem menos drogas. Aliás, mesmo que você consuma, há coisas ligadas ao prazer que não precisam ser ditas aos filhos. Da mesma maneira que você não lhes conta como é sua atividade sexual, certo?
– Mas, se eu disser para evitar, será que ele não vai usar só para me contrariar?
Independentemente de dizer sim ou não, é imensa a probabilidade de os adolescentes experimentarem, pois o acesso é muito fácil. Afinal, em boa parte das festas rolam drogas ilícitas. Agora, se eles introjetaram que os pais preferem que as evitem, diminui a possibilidade de continuarem o consumo.  “A sensação de risco é muito maior do que se simplesmente ouvissem dos pais ‘Isso é fase, faz parte da vida’, justifica Malbergier.
– E se, apesar do discurso de evitação, meu filho continuar usando drogas?
Não é porque ontem seu filho ou sua filha provou álcool ou alguma droga ilícita que amanhã ele ou ela será dependente, irá mal na escola, terá atritos com familiares. Em geral, a dependência é desenvolvida gradativamente. Portanto, fique atento(a) ao processo lento de mudança de comportamento social e  notará tão logo ele ou ela comece a ficar “diferente”. Caso positivo, converse. Se necessário, busque ajuda.
“É claro que vocês, pais, são os primeiros responsáveis pela orientação dos filhos quanto ao uso de cigarro, álcool e drogas ilícitas”, salienta Malbergier, no livro Saúde – A hora é agora. “Mas não os únicos. Como questão de saúde coletiva, a prevenção é responsabilidade também de professores, profissionais de saúde, autoridades governamentais e dos próprios adolescentes. Cada um tem de fazer a sua parte. ”
Para quem já é usuário, a discussão é parar ou reduzir danos. Aqui, tratamos desse aspecto.

O MUNDO VERÁ A MAIOR LUA CHEIA DOS ÚLTIMOS 20 ANOS – “SUPERMOONS”

O MUNDO VERÁ A MAIOR LUA CHEIA DOS ÚLTIMOS 20 ANOS – “SUPERMOONS”


Reprodduzindo do Blog: Shakyamuni:


O mundo está prestes a presenciar a aparição da maior lua cheia das duas últimas décadas. Na semana que vem este satélite natural vai chegar ao ponto mais próximo da Terra.
No dia 19 de março, a lua cheia vai aparecer mais exuberante do que o usual na noite celeste quando ela atinge o ponto máximo de um ciclo, conhecido como ‘Apogeu Lunar’.
É esperado um espetáculo visual quando a lua se aproximará da Terra a uma distância de 221,567 milhas da órbita – chegará mais próxima do nosso planeta desde 1992. 
A lua cheia poderá aparecer no céu 14% maior e 30% mais luminosa, especialmente quando nascer no horizonte do oriente ao pôr-do-sol ou em condições atmosféricas bem favoráveis. 
Este fenômeno é reportado como o mais relevante assunto sobre ‘supermoons’ que esta conectado com o as extremas manifestações do clima -  como os terremotos, vulcões e tsunamis. A última vez que a lua passou tão próxima da Terra foi no dia 10 de janeiro de 2005, nos dias próximos dos terremotos na Indonésia que registrou 9.0 na escala Richter.
O furacão Katrina em 2005 também foi associado com a lua cheia incomum.
Previsões de ‘supermoons’ aconteceram em 1955, 1974 e 1992 – cada um destes anos tivemos a experiência de fortes manifestações climáticas.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Escola Antônio Bahia- Novo adiamento do início das aulas.

A Direção da Escola Antônio Bahia-Conceição do Coité, informa à Comunidade Escolar que as aulas do ano letivo de 2011 só poderão começar no dia 28 de fevereiro de 2011 por causa das obras da reforma no prédio da Escola, que atrasaram mais um pouco diante de algumas modificações que tiveram que ser feitas semana passada no telhado. Agradecemos a compreensão e divulgaremos posteriormente à comunidade escolar calendário ajustado com os 10 dias de atraso incluídos, para assim garantir o cumprimento dos 200 dias letivos.


Mônica Ramos de Oliveira. Diretora.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Escola Antônio Bahia-Adiamento do início das aulas.

A Direção da Escola Antônio Bahia-Conceição do Coité, informa à Comunidade Escolar que provavelmente as aulas do ano letivo de 2011 só começarão dia 21 de fevereiro de 2011 por causa das obras da reforma no prédio da Escola, que ainda não puderam ser concluídas. Agradecemos a compreensão e divulgaremos a data de início assim que houver uma definição.


Mônica Ramos de Oliveira. Diretora.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A pessoa errada. (Autor Desconhecido)

Pensando bem
Em tudo o que a gente vê, e vivencia
E ouve e pensa
Não existe uma pessoa certa pra gente
Existe uma pessoa
Que se você for parar pra pensar
É, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa
Faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo
Porque a vida não é certa
Nada aqui é certo
O que é certo mesmo, é que temos que viver
Cada momento
Cada segundo
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo,
querendo,conseguindo
E só assim
É possível chegar àquele momento do dia
Em que a gente diz: “Graças à Deus deu tudo certo”
Quando na verdade
Tudo o que ele quer
É que a gente encontre a pessoa errada
Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente…
“Não temas desistir do bom para buscar o melhor.”

Do Blog: Escreva Lola Escreva: PROFESSORA GORDA NÃO DEVE TRABALHAR. ORDENS MÉDICA...

Escreva Lola Escreva: PROFESSORA GORDA NÃO DEVE TRABALHAR. ORDENS MÉDICA...: "Você deve ter visto essa notícia assustadora que saiu em alguns jornais, porque várias pessoas a enviaram pra mim, ou perguntaram, “Você viu..."

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reproduzindo do Blog Pragmatismo Político: Congresso toma posse com formação histórica.

Congresso toma posse com formação histórica - Pragmatismo Político


Com a posse de 54 senadores (de um total de 81) e de 513 deputados federais eleitos em 3 de outubro passado, o Brasil tem, a partir desta terça-feira (1º), o Congresso Nacional com mais representantes de partidos de esquerda de sua história. Ao mesmo tempo, o bloco conservador liderado por PSDB e DEM (o antigo PFL) inicia a legislatura com sua menor representação parlamentar em duas décadas.

Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, a oposição ficou 57% menor na Câmara e 64% menor no Senado. Enquanto isso, a base aliada ao governo aumentou 47%, entre os deputados e 100% entre os senadores.

Em 2003, quando começou a era Lula, a oposição era maior que a base de apoio do governo — tanto na Câmara quanto no Senado. Na época, havia 259 deputados e 50 senadores de oposição, ante 254 deputados e 31 senadores da base de Lula. Já quando Lula assumiu o segundo mandato, em 2007, os aliados já eram maioria: tinham 353 deputados (contra 160 de oposição) e 49 senadores (contra 32 de oposição).

Hoje, no início do terceiro governo seguido do ciclo progressista, são 373 deputados aliados (contra 111 de oposição) e 62 senadores da base de apoio (contra 18 oposicionistas). A base do governo Dilma tem 11 dos 22 partidos representados no Congresso: PT, PMDB, PR, PSB, PDT, PSC, PCdoB, PRB, PTC, PP e PTB. Desses, PP e PTB se aliaram depois da eleição. Dos dez partidos da coligação de Dilma, somente o PTN não elegeu congressistas.

Os outros 11 partidos com congressistas se dividem em dois grupos: os que fazem oposição ao governo e os “ambíguos” (aqueles que podem assumir atitudes diferentes, a depender da situação). Na oposição estão PSDB, DEM e PPS (aliados à direita nas eleições presidenciais de 2010), além do PSOL. Os ambíguos são PV, PMN, PTdoB, PRTB, PRP, PHS e PSL.

Desde 1995, enquanto o PT aumentou e estabilizou suas bancadas, a oposição entrou em franca decadência. O DEM chegou a ter a maior bancada de deputados em 1999, com 105 representantes, e agora só tem 43. No Senado, despencou de 20 representantes, em 1999, para cinco agora, 2011.

O PSDB continua como principal partido da oposição, mas também foi diminuído. De 1999 a 2011, caiu de 15 para dez senadores e de 99 para 53 deputados federais. O PPS, outro partido adversário do governo, teve crescimento significativo de 1999 para 2003, passando de três a 21 deputados e de um a três senadores. Depois disso, só decresceu. Hoje, resume-se a 15 deputados e um senador.

Os quadros também indicam que o PSOL, do presidenciável derrotado Plínio de Arruda Sampaio, é o único partido de oposição que cresceu — mas muito pouco. Fundado em 2004 por dissidentes do PT, o partido mantém, há duas eleições, três deputados. No Senado, dobrou sua representação: de um para dois senadores.

O PMDB, que ainda é o maior partido do país, também tem enfrentado uma perda de importância no Congresso. Chegou a ter 29 dos 81 senadores em 1999, quando era base do governo FHC. Em 2003 ficou com 20 senadores, entrou para a base do governo Lula e manteve 20 senadores em 2007 e em 2011. Na Câmara, a situação é pior: de 107 deputados em 1995, passou a 84 em 1999, depois a 70 em 2003, subiu para 90 em 2007 e, agora, voltou a cair para 78 em 2011.

Pauta

A nova composição do Congresso não será suficiente para, em curto prazo, pôr em debate — e muito menos em votação — propostas de reformas estruturais tão indispensáveis ao país. “Temos a maior concentração de parlamentares à esquerda do espectro político — mas num governo de coalizão essas forças acabam se diluindo. Elas puxam as posições dos partidos de direita e centro-direita que também participam do governo para o centro”, avalia o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz.

A disputa à presidência da Câmara — na qual se opõem os deputados Marco Maia (PT-RS) e Sandro Mabel (PR-GO) — dá indícios de como será a 54ª Legislatura da Câmara. Em campanha, Maia e Mabel se pronunciaram pouco ou quase nada a respeito de temas como a reforma política. Em contrapartida, não se furtaram a fazer promessas de interesse mais corporativo, como a de construir mais um prédio para ampliar os gabinetes dos deputados e a de vincular os reajustes salariais aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro ponto em discussão, por estas semanas, foi a divisão de cargos na Mesa Diretora da Câmara — uma contenda que teve PT e PMDB como protagonistas. Cada secretário tem atribuições específicas, como administrar o pessoal da Câmara (1º secretário), providenciar passaportes diplomáticos para os deputados (2º), controlar o fornecimento de passagens aéreas (3º) e administrar os imóveis funcionais (4º).

Enquanto Marco Maia deve ser reconduzido à presidência da Câmara, os 54 senadores empossados vão se juntar aos 27 que ainda contam com mais quatro anos de mandato para eleger o presidente e demais membros da Mesa que vai comandar o Senado nos próximos dois anos. O atual presidente, José Sarney (PMDB-AP) é candidato à reeleição e conta com apoio declarado de vários partidos. A exceção é o PSOL, que decidiu lançar a candidatura de Randolfe Rodrigues (AP), um dos novos senadores.

Nas duas casas legislativas, é grande a expectativa sobre a pauta deste ano. Levantamento realizado pelo Instituto FSB Pesquisa com 340 deputados e senadores revela que, para a maioria deles, as reformas política e tributária deixarão de ser uma mera promessa de campanha para se tornar uma prioridade absoluta em 2011.

Segundo o estudo, 65% apontaram a reforma política como prioridade. Em segundo lugar, aparece a reforma tributária, citada por 50% dos parlamentares consultados. Em seguida, aparecem o projeto do novo Código Florestal (11%), a reforma trabalhista (7%) e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300, que estabelece um piso nacional de R$ 3,2 mil a policiais e bombeiros do país. Cada parlamentar citou duas pautas.

Dos parlamentares entrevistados, 71% declararam que a carga tributária deveria ser reduzida urgentemente. Apenas 1% defendeu o aumento dos impostos para financiar políticas públicas. Apesar disso, 29% se mostraram a favor da criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS). A ideia, porém, foi rejeitada por 56% dos senadores e deputados, enquanto 15% se declararam indecisos sobre a criação do novo tributo.

A proposta de redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais também dividiu o novo Parlamento. Quase metade dos parlamentares (49%) são favoráveis à medida. Os contrários ao projeto representam 31%, e 20% se disseram indecisos.

O PCdoB e o PDT foram definidos pelos legisladores como os partidos mais à esquerda do Congresso Nacional. Por outro lado, o DEM e o PP ficaram mais próximos da direita. As demais legendas ficaram no centro.

O PT foi escolhido por 18% das outras siglas como o melhor parceiro no Legislativo. Entre os peemedebistas consultados, esse percentual saltou para 42%. Já os petistas afirmaram que se relacionam melhor com o PSB (38%) e com o PCdoB (30%). O PMDB aparece em terceiro, citado por 16% dos parlamentares do PT.

Na oposição, os tucanos se dividiram entre o DEM e o PPS, com 26% de citação para cada sigla. No caso dos “demos”, o PSDB aparece em primeiro lugar de forma majoritária, sendo apontado por 43% dos parlamentares da legenda como o maior partido aliado.

Vermelho & Agências