Coisas da Tamonca

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Conceição do Coité, Bahia, Brazil
Pedagoga, Matemática, Mãe, Gestora da Escola Antônio Bahia-Conceição do Coité, Petista por enquanto, Amo LULA, luto por justiça, igualdade, odeio qualquer tipo de calúnia, discriminação ou preconceito. E vou vivendo... Música, poesia, livros, arte, cultura, internet, política e educação são minhas diversões. No mais o mundo é uma caixinha de surpresas, é só querer descobrir!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Idéias em Blog: Dimensions - Um passeio matemático ...

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O Pequeno Príncipe-I e II

Capítulo I
Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, « Histórias Vividas », uma imponente gravura. Representava ela uma jibóia que engolia uma fera. Eis a cópia do desenho.
Dizia o livro: « As jibóias engolem, sem mastigar, a presa inteira. Em seguida, não podem mover-se e dormem os seis meses da digestão »,..
Refleti muito então sobre as aventuras da selva, e fiz, com lápis de cor, o meu primeiro desenho. Meu desenho número 1 era assim :
Mostrei minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo. Responderam-me: « Por que é que um chapéu faria medo » ? Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante.
Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações. Meu desenho número 2 era assim :
As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.
Tive, pois de escolher uma outra profissão e aprendi a pilotar aviões. Voei, por assim dizer, por todo o mundo. E a geografia, é claro, me serviu muito. Sabia distinguir, num relance, a China e o Arizona. É muito útil, quando se está perdido na noite.
Tive assim, no decorrer da vida, muitos contatos com muita gente séria. Vivi muito no meio das pessoas grandes. Vi-as muito de perto. Isso não melhorou, de modo algum, a minha antiga opinião.
Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Mas queria saber se ela era verdadeiramente compreensiva. Mas respondia sempre: « É um chapéu ». Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me ao seu alcance. Falava-lhe de bridge, de golfe, de política, de gravatas. E a pessoa grande ficava encantada de conhecer um homem tão razoável.

Capítulo II

Vivi, portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara. Alguma coisa se quebrara no motor. E como não tinha comigo mecânico ou passageiro, preparei-me para empreender sozinho o difícil conserto. Era, para mim, questão de vida ou de morte. Só dava para oito dias a água que eu tinha.
Na primeira noite adormeci, pois sobre a areia, a milhas e milhas de qualquer terra habitada. Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. Imaginem então a minha surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me acordou. Dizia:
- Por favor... Desenha-me um carneiro...
- Heim!
- Desenha-me um carneiro...
Pus-me de pé, como atingido por um raio. Esfreguei os olhos. Olhei bem. E vi um pedacinho de gente inteiramente extraordinário, que me considerava com gravidade. Eis o melhor retrato que, mais tarde, consegui fazer dele. Meu desenho é, seguramente, muito menos sedutor que o modelo. Não tenho culpa. Fora desencorajado, aos seis anos, da minha carreira de pintor, e só aprendera a desenhar jibóias abertas e fechadas.
Olhava, pois essa aparição com os olhos redondos de espanto. Não esqueçam que eu me achava a mil milhas de qualquer terra habitada. Ora, o meu homenzinho não me parecia nem perdido, nem morto de fadiga, nem morto de fome, de sede ou de medo. Não tinha absolutamente a aparência de uma criança perdida no deserto, a mil milhas da região habitada.
Quando pude enfim articular palavra, perguntei-lhe :
- Mas... Que fazes aqui?
E ele repetiu então, brandamente, como uma coisa muito séria :
- Por favor... Desenha-me um carneiro...
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parece a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas lembrei-me então que eu havia estudado de preferência geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar.
Respondeu-me :
- Não tem importância. Desenha-me um carneiro.
Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:
- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é de um carneiro. Desenha-me um carneiro.
Então eu desenhei.
Olhou atentamente, e disse:
- Não! Esse já está muito doente. Desenha outro.
Desenhei de novo :
Meu amigo sorriu com indulgência:
- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode... Olha os chifres...
Fiz mais uma vez o desenho. Mas ele foi recusado como os precedentes :
- Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.
Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado :
E arrisquei :
- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.
Mas, fiquei surpreso de ver iluminar a face do meu pequeno juiz :
- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro ?
- Por quê ?
- Porque é muito pequeno onde eu moro...
- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada !
Inclinou a cabeça sobre o desenho :
- Não é tão pequeno assim... Olha ! Adormeceu...
E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.

domingo, 28 de novembro de 2010

Quero Meu Filho de Volta

Triste, porém real!

Relato escrito por Celso Athayde


Noite de São João, 1999. O Felha ligou pro meu celular para avisar que mais um Falcão tinha partido em cruz, tinha morrido. Não era nada de anormal se considerássemos a vida que eles levam, mas, pensando bem, era anormal até demais, se conside­rar­mos que são jovens e que são o futuro do Brasil.
E se não são, é porque o Brasil não tem futuro. A frase que eu mais escutava é que esses rapazes querem vida fácil, por isso não trabalham, mas não, vida de Falcão não é nada fácil. E mais, os caçadores de Falcão também não foram agraciados com a ociosidade, eles são caçadores e, muitas vezes, a caça.
Felha ligou pedindo para separar a câmera, que ele ia cobrir o enterro no dia seguinte, que a mãe do garoto tinha ligado para avisar. Mesmo o convite sendo uma iniciativa da família, pra nós, era sempre constrangedor. Apesar de ter um lado positivo nisso tudo. É que nunca filmamos os Falcões em seus am­bientes sem que eles concordassem e, em algumas oportunidades, suas mães tinham que concordar também. Por isso temos depoimentos das mães, além dos menores marginais. E, se suas mães nos chamavam depois para filmar os velórios, era a prova cabal de que tinham entendido nossas propostas e argumentos, tinham comprado nossa luta. Era porque elas, a exemplo de seus filhos, acreditavam que esse projeto poderia, não resolver as suas vidas, mas trazer luz para o entendimento de muitas outras e, assim, poupá-las. Esse talvez seja o melhor resumo. Esse nosso documen­tário, assim como os livros que surgem junto com ele, deve ser o reflexo da vida, apesar da morte.
Era, sei lá eu, acho que o sexto, oitavo Falcão morto, não sei direito. Só sei que era mais um pra botar na conta.
Felha, como de costume, pegou os equipamentos e foi nos encontrar lá no cemitério, porque não teve velório. O corpo do garoto estava em decomposição. Ir lá ver o corpo era deprimente. Pior era ir lá com uma câmera. A impressão que dava era que estávamos torcendo para os garotos morrerem, e não era nada disso.
O Felha praticamente fazia tudo sozinho, nessas ocasiões. Eu não lembro de ter perguntado nada a ninguém nesses momentos de tristeza. Confesso até que morria de vergonha de estar ali, mas era o nosso dever, era o combinado com todos os ­Falcões.
Uma verdadeira choradeira. A mãe desse garoto, como a grande maioria, não se conformava de maneira nenhuma, apesar dela mesma nos ter alertado, e alertado ao próprio Falcão, sobre o provável futuro que o aguardava.
Essa pobre e triste mãe nos disse, em uma das entrevis­tas, que seu filho tinha que encontrar forças para sair daquela vida, que outros parentes dela — inclusive um irmão — já tinham morrido no crime e que essa vida só traria prejuízo. Todos esses exemplos não foram suficientes para desencorajar o rapaz, pelo contrário. O crime parecia fazer mais sentido do que qualquer palavra amiga de mãe, do que qualquer conselho seguro da família. A questão central era o fato de que os próprios Falcões não precisavam de conselhos, já que eles mesmos tinham plena cons­ciência dos erros que cometiam e do pouco tempo de vida a que es­tavam condenados. Parecia que precisavam viver ­intensamente.
Mesmo sabendo de tudo isso, muito mais que cada um de nós, mesmo tendo passado anos da sua vida administrando essa questão, essa mãe se sentia traída pelo destino. Ela chorava, assim como todas as mães chorariam. Eu particularmente conhecia bem essa dor.
Minha mãe derramou essas lágrimas. Meu irmão, Negão César, sumiu. Se estivesse vivo, teria hoje 44 anos. Se foi há, pelo menos, 13. Me ligaram dizendo que ele tinha tido uma briga de trânsito e que foi parar no morro do Cajueiro em Madureira. Eu não sabia se era verdade, mas era a única versão que explicava o desaparecimento. Meu irmão nunca teve envolvimento com o crime. Ele só tinha um defeito: não tinha noção do perigo e, se tinha, o subestimava sempre. Segundo pessoas que passavam na rua, ele teve seu carro abalroado por um outro com alguns homens dentro e foi atrás para tentar reaver seu prejuízo. Os homens entraram no morro do Cajueiro, ele entrou atrás e, lá, descobriu que o carro era do bicho. Eles o mataram e o jogaram na avenida Automóvel Clube. Só que eu ainda não tinha essas informações no dia em que fui contatado e percorri hospitais e delegacias, até que estava quase desistindo. Mas vi entrando na DP uma radiopa­trulha, me dirigi ao cabo e perguntei se sabia de alguma coisa sobre uma pessoa com as características do meu irmão. O cabo ficou me olhando e parecia que ia entrar em deses­pero. Ele baixou a cabeça, encostou na viatura e parecia sentir uma emoção forte, parecia ter sido tomado por uma grande tristeza. Ele me perguntou se eu não lembrava dele. Respondi que não, que nunca o tinha visto. Talvez não o reconhecesse por causa da farda. Ele me disse que a noiva dele era cliente da minha mãe, que também morava em Madureira e que naquela mesma semana tinha ido na casa da minha mãe experimentar umas roupas que havia encomendado e que ele era amigo do César. Ele me disse que, infelizmente, achava que o corpo que ele tinha visto era dele, que não tinha reconhecido porque estava muito inchado, mas que agora, depois de saber do seu sumiço, achava que era do meu irmão...
Pediu para eu entrar no carro e fomos lá confirmar se era. No caminho, ele informava aos seus superiores pelo rádio sobre o nosso deslocamento. Nunca na vida fui a um lugar com tanto medo de encontrar o que eu procurava. Em alguns momentos, torcia para não ser ele, pensava que meu irmão tinha que estar vi­vo. Em outros, pedia para a tortura acabar logo, pensava que nossa família não podia passar pelo drama de perder alguém que desaparece para sempre, sem deixar vestígios. E o carro seguia firme, rumo à avenida Automóvel Clube, local conhecido por ser uma grande concentração de desova humana. Eu sempre evitava passar por lá e, nas vezes em que passei, sempre havia corpos no chão. Nunca acreditaria que meu sangue pudesse marcar aquele chão algum dia. Minha mãe estava em pânico. Pessoas ligavam para ela o dia inteiro, uns para dizer que sentiam muito, outros para oferecer ajuda e ainda outros para encher o saco e apavorar mais ainda a minha querida mãe. Pedi para alguém levá-la para a casa de Sepetiba, uma praia cheia de lama que fica a uma hora e vinte minutos do centro da cidade. Enquanto isso, iria continuar a minha busca e, quando eu tivesse notícia, alguém levaria pra ela.
A viatura freou ao lado do corpo do meu irmão, percebi que era ele pela bermuda, era do tipo que minha mãe fazia. Saí do carro, o policial me abraçou. Não choramos, apesar de eu estar chorando agora ao escrever esse texto... desculpe....
O corpo do meu irmão estava no asfalto extremamente quente, o que fez sua cabeça inchar. Parecia um grande boneco, irreconhecível. Alguém tinha que ser forte. Minha mãe, a maior fortaleza que eu conheci na vida, a minha maior inspiração para as lutas que travo até hoje, havia entregado os pontos e aguardava o pior em Sepetiba. Meu irmão tinha cinco filhos, eu não podia fraquejar, tinha que levantar a cabeça, fazer o enterro e tocar a vida. De certa maneira, o jogo havia terminado pra ele, mas não para nós, a bola tinha que continuar rolando.
Uma missão me aguardava agora, avisar a minha mãe. Ninguém melhor do que eu poderia fazer isso, e se algum desastrado fosse lá, talvez eu tivesse que fazer mais um enterro. Segui para Sepetiba ao encontro de uma mulher que estava prestes a sair da tristeza e entrar em desespero, e eu seria, de certo modo, o responsável. Ela estava desacompanhada, estava na sala...
Desculpe... É difícil falar sobre isso... Prometo que não vou mais chorar...
Parei o carro na porta da casa, vi minha mãe na sala, sentada numa cadeira. Ela sempre foi a rainha das piadas, das sa­ca­nagens. Como eu iria falar que ela havia perdido uma metade de seu corpo?
Abri o portão, entrei. Ela levantou da cadeira com dificuldade, devia estar fraca, sem comer, sem dormir. Me olhou e ­disse:
— Não precisa dizer nada, meu filho... Eu já sabia. Só queria que você fosse embora e me deixasse aqui sozinha.
— Mãe, deixa eu...
— Não, filho, deixa mamãe aqui, preciso ficar sozinha.
— Tá, mãe.
Saí da casa, fui para a esquina pensar na vida, no futuro, nos sobrinhos, no enterro. Sentei num meio-fio e fiquei ali com a sensação de ter perdido as duas coisas que mais foram minhas na vida. Meu irmão e minha mãe...
Sim, mas vamos voltar para a mãe do Falcão.
Ela chorava, outras pessoas também choravam muito, era uma representação típica de um enterro de jovem, todos incon­formados. Era triste ver sua esposa, que não passava dos 15 anos. Era doloroso ver seu filhinho de mais ou menos oito meses, dormindo nos braços da mãe. Quando os últimos punhados de terra foram jogados sobre o caixão, a mãe do Falcão explodiu na maior das crises de saudade do filho.
— Eu quero meu filho de volta! Eu quero meu filho!
Ao mesmo tempo, ela culpava o prefeito, xingava o governador, o presidente e também o pai do garoto.
Lembrar esta cena é triste. Seu desespero fazia todos chorarmos. Podemos chamar de solidariedade um choro coletivo, tendo a mãe como maestrina da tristeza? Pobre mãe, triste mãe!
Deixei o Felha e o Bill para trás e comecei a andar rápido para sair de perto daquele quadro deprimente. Apesar do sol escaldante do Rio de Janeiro, os familiares não tinham nenhuma pressa para ir embora e não arredavam os pés da cova. Continuei caminhando até que cheguei perto do portão de saída, que fica ao lado de uma capela onde havia um velório. Outras famílias estavam ali reunidas, chorando e lamentando seu defunto, não havia diferença entre os sentimentos. Só que nesse caso eu não sentia nada. Era como se eu tivesse achado um álbum de fotografia na rua e desfolhasse as pessoas estranhas.
Eles estavam chorando seus entes queridos, mas não havia nada em comum entre nós. A única coisa que me aproximava deles eram as árvores entre a rua e a entrada da capela, sob as quais eu me escondia do sol, para aguardar a volta do meu cortejo fúnebre.
— Eu quero meu filho de volta! Jesus, eu quero meu filho, pelo amor de Deus! Eu não mereço isso. O Estado não dá apoio.
Era a mãe do outro falecido, uma mulher preta, de lenço, fisicamente muito diferente da mãe do Falcão, mas historicamente idêntica, pois as duas eram negras. Ela chorava e era abraçada por outras pessoas.
Seria só mais um enterro, se não fosse pelas palavras das mães acusando o governo. Por isso, passei a ficar atento também àquele velório.
— Sangue bom, como foi?
Era eu me intrometendo na morte alheia e perguntando a um rapaz que veio dividir comigo a sombra da mangueira.
— Foi tiroteio, ele foi baleado e não resistiu.
Como eu não tinha visto ninguém dar tiro de festim pro alto e não vi ninguém de farda, o cara só podia ser bandido, já que ele era preto e morreu de tiro. Eu raciocinava exatamente como fui treinado, estava reproduzindo a lógica branca asfaltista, condenando o jovem morto e lhe negando a possibilidade de ser um mártir. E não parei por aí, fui adiante:
— Qual era a comunidade dele?
Essa pergunta não era simples. O seu real objetivo, oculto na simples indagação, era saber a qual facção o morto pertencia. Dependendo da área dele, meu sentimento poderia mudar um pouco. Eu poderia até mesmo não achar tão ruim assim, mas, se alguém me perguntar isso, eu nego até a morte, tudo em nome do sentimento humanitário.
— Não, responsa, ele não era bandido não, ele era PM, morreu trocando tiro — disse o rapaz, que devia ser primo do morto, talvez.
— Foi mal amigão! Foi a minha primeira mancada do dia.
Pressionei o beiço superior no inferior, imprimindo o quanto eu sentia esse fato, e dei as costas para o rapaz, encerrando o assunto. Lembrei então o comportamento das duas mães. Não vi o corpo do PM que morreu, nem sei se ele deixou mulher e filhos. Mas uma coisa é certa, deixou uma mãe eternamente apaixonada, igual à mãe do Falcão e à minha. Se este livro fosse ficção, se o que estou escrevendo não tivesse compromisso com a estrita obrigação de dizer a verdade, eu criaria uma história na qual o PM e o Falcão tivessem sido abatidos um pelo outro, na mesma favela, e, no final, descobriríamos que as mães dos mortos trabalhavam na mesma fábrica de calcinha... Além disso, que as esposas dos falecidos estudavam na mesma escola. Mas não, não vou fazer isso, pois cada um de nós sabe que essa realidade é bem próxima e é perfeitamente possível, sim.
O fato dos dois estarem sendo enterrados no mesmo cemitério, o fato das suas mães serem idênticas, de terem familiares da mesma cor e origem me fez viajar por muitas outras histórias das quais tive notícia. Histórias de Falcões que eram caçados de dia pela polícia e que caçavam policiais em blitz à noite para vingar a morte de seus comparsas. Mas em nenhum momento, eu tinha parado para pensar sobre essa questão com a qual me deparava.
A questão era muito simples: o sistema é branco e opressor. Os oprimidos, em geral, são os pretos e os pobres que historicamente sempre cumpriram bem o papel de se matarem para atender à sede de sangue do poder. E naquele momento eu via, sem ninguém me contar, que as lágrimas que caíam não eram dos governos que as mães acusavam de serem os responsáveis pelas mortes de seus filhos. Eram das mães, pobres, pretas, que ­podiam perfeitamente ser irmãs de sangue e, naquele momento, eram irmãs de dor, irmãs de sangue derramado pela arma da ­ignorância.
Meu cortejo chegou, meu cortejo passou, e eu embarquei nele, triste e cabisbaixo, pensativo. Alguns participantes olhavam para a dor da família do PM sem saber de nada, sem nada comentar. Seguimos o nosso rumo. Saímos pelo portão principal e todos, ou quase todos, fizemos o sinal-da-cruz, em respeito aos mortos. Não comentei com ninguém aquele fato, guardei comigo a reflexão que hoje divido com você. Talvez as guerras e as mortes entre os ditos marginais e policiais só mudem quando eles tiverem a consciência de que foram gerados nos mesmos úteros.

A Polícia que desejamos para o Rio e para o Brasil

A Polícia que desejamos para o Rio e para o Brasil

domingo, 21 de novembro de 2010

Revista Fórum: Nosso racismo é um crime perfeito

Consciência Negra: A mão da limpeza

Consciência Negra: A mão da limpeza: "Chico Buarque - A mão da limpeza ''O branco inventou que o negro Quando não suja na entrada Vai sujar na saída, ê Imagina só Vai sujar na ..."

Mandela, um lutador!

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; E, se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.”


Nelson Mandela, Janeiro de 2003

Refletindo a Lei 10639/03 no currículo escolar.

O currículo vivenciado pelos alunos vai além dos conteúdos escolhidos para serem ministrados pelos professores. A existência, na experiência escolar, de um “currículo oculto”, ao lado do currículo oficial, está confirmada por vários estudos sobre o tema. Silva (1999) discute sobre o conceito de “currículo oculto” como o conjunto de experiências não explicitadas pelo currículo oficial nos permitindo ampliar a reflexão sobre o tipo de mensagens cotidianas – traduzidas pelas páginas dos livros escolares, pelo preconceito racial entre colegas e entre professores e alunos – que são levadas ao conjunto dos alunos negros e mestiços. Ele inclui conteúdos não ditos, valores morais explicitados nos olhares e gestos, apreciações e repreensões de condutas, aproximações e repulsas de afetos, legitimações e indiferenças em relação a atitudes, escolhas e preferências. Em atividades propostas em sala, percebe-se o nível de exclusão traduzido no plano da violência simbólica a que estes alunos estão submetidos na sua experiência escolar. Nesta medida, uma discussão acerca do preconceito racial e das suas manifestações na sociedade e, em particular, na escola, precisa ser feita. Ela é imprescindível porque é preciso ampliar a compreensão do problema, para então se poder refletir sobre o que e por que deve ser escolhido como conteúdo para compor um currículo escolar que privilegie um direcionamento do olhar sobre os negros e mestiços na nossa história e cultura.

Ao tomarmos o currículo escolar como o conjunto de experiências pelas quais os alunos passam, o que nos permite agregar ao currículo oficial o currículo oculto, que é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem de forma implícita para aprendizagens sociais relevantes, o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações..." (Silva, 2001:78), ainda segundo Silva (2001), podemos também incluir na idéia de currículo, uma outra noção, que é a de currículo cotidiano, pois é no dia a dia que o currículo se realiza. Neste sentido, o grande desafio para qualquer professor é manter em sua prática cotidiana os princípios que, segundo ele próprio acredita, devem orientar a sua ação. É muito fácil deixá-los de lado em razão das inúmeras questões que aparecem na dinâmica escolar, desde dificuldades das mais variadas ordens relativas aos alunos e suas famílias até as que dizem respeito à estrutura da escola, a escolha dos livros e outros materiais pedagógicos ou o escasso tempo e orientação para a pesquisa e planejamento do trabalho. Enfim, o cotidiano nos enreda em tal armadilha que muitas vezes as boas intenções ficam em parte presas nas folhas de planejamento. O currículo, como já vimos, é um lugar de escolhas; ele não é neutro e precisa ser alimentado pela ação do professor.

Na medida em que estamos tratando de um conteúdo omitido, negligenciado e pouco conhecido pela escola e pelo professor, que é a restituição da presença e da dignidade da população negra como sujeito na história e na cultura brasileira, precisamos tomar cuidado para não cometermos uma falha pedagógica muito comum nas nossas escolas. Todo o projeto político pedagógico tem que ser alterado no intuito de contemplar as mudanças exigidas pela lei, isso tem que se dar de forma responsável e cuidados para que sua abrangência seja justa. Quando a sociedade de alguma forma dá mostras de que determinados conceitos ou valores estão em falta nas relações sociais, fica para a escola a função de resgatar e tratar os mesmos de forma ética e responsável. A mesma deve primar por executar ações e cuidar da perpetuação dos resultados obtidos, pois eles são quase sempre esquecidos, e o que se vê é o retorno às práticas anteriores. É muito comum o comentário dos educadores nas escolas dizendo: “De que adiantou tal experiência?” Com isso eles se referem às atitudes posteriores dos alunos em relação aos conteúdos contemplados nessas ações, que desaparecem de cena tão logo os eventos terminam. Contudo, embora esta constatação seja verdadeira, é preciso lembrar que ela é apenas parte da verdade, pois em várias situações as ações coletivas mobilizam e tocam alguns alunos individualmente. E é claro que, em algumas experiências mais integradas, esses projetos acontecem como ponta de lança e são incorporados ao cotidiano escolar.

A lei deixa nítida a obrigatoriedade do ensino de conteúdos sobre a matriz negra africana na constituição da nossa sociedade no âmbito de todo o currículo escolar e sugere as áreas de História, Literatura e Educação Artística como áreas especiais para o tratamento desse tema, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio. Entretanto, como já foi antes enfatizado, é preciso que estejamos convencidos da urgência e da importância de recuperar esse debate, na história da sociedade brasileira e nos currículos escolares. Pois, sem o pleno entendimento do por que desses conteúdos serem fundamentais, corre-se o risco de cumprir a lei burocraticamente e, com isso, reforçar situações de preconceito racial ao qual estamos submetidos. 

Por Mônica Ramos

sábado, 20 de novembro de 2010

Agência Brasil: Proporção de pretos com curso superior é um terço dos brancos

Proporção de pretos com curso superior é um terço dos brancos


Gilberto Costa-Repórter da Agência Brasil

Brasília – Alvo de ações contrárias no Supremo Tribunal Federal (STF) as políticas afirmativas de cotas para acesso às universidades públicas e privadas podem ter justificativa nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a última Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad 2009), apenas 4,7% das pessoas autodeclaradas pretas com mais de 25 anos têm curso superior. O percentual dos ditos pardos é 5,3% enquanto dos brancos é 15% - mais que o triplo da porcentagem dos pretos.


Entre os atuais estudantes de 18 a 24 anos, o desequilíbrio é menor. O percentual de pretos e pardos universitários sobe, mas as estatísticas mostram que ainda é grande a diferença no acesso ao nível superior. “Enquanto cerca de dois terços, ou 62,6% dos estudantes brancos estão nesse nível de ensino em 2009, os dados mostram que há menos de um terço para os outros grupos: 29,2% dos pretos e 31,8% dos pardos”, descreve a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE


Na comparação de uma década nota-se, no entanto, melhoria do acesso de pretos e pardos à universidade. Em 1999, o IBGE mediu que apenas 7,5% dos pretos e 8% dos pardos de 18 a 24 anos estavam na universidade, contra 33,4% dos brancos.


Nesse período, cerca de 90 universidades públicas e privadas aderiram a alguma forma de política afirmativa em favor de pretos ou de egressos do ensino médio público. Nos últimos dez anos, o IBGE também verifica “uma recuperação da identidade racial”. Conforme a Síntese dos Indicadores Sociais, o percentual de quem se declara preto passou de 5,4% para 6,9%.


Se os pretos são minoria nos estratos escolares superiores, a situação é inversa na base da pirâmide. Entre os brancos, 5,9% declaram-se analfabetos; enquanto entre os pretos e pardos esse percentual é superior a 13%. Se for considerado o analfabetismo funcional (menos de quatro anos de estudo), a situação mantém-se perversa: 25% dos pretos e pardos são analfabetos funcionais. Entre os brancos o percentual é 15%.


A situação escolar de pretos e pardos também pode ser verificada na média de anos de estudo. “A população branca de 15 anos ou mais de idade tem, em média, 8,4 anos de estudo em 2009, enquanto a de pretos e pardos é 6,7 anos”.


Historicamente, a baixa escolaridade tem reflexo na remuneração. O IBGE acrescenta que além desse problema, os pretos e pardos recebem menos que os brancos em todas as faixas de escolaridade. O percentual é pelo menos 20% abaixo. No total, pretos e pardos ganham 40% menos que os brancos.


Os pretos e pardos no Brasil formam a maioria da população (51,1%). Segundo o IBGE, 44,2% dos brasileiros declaram-se pardos e 6,9% pretos.

Edição: Aécio Amado

Agência Brasil: Dia da Consciência Negra: equidade para superar desigualdade

Dia da Consciência Negra: equidade para superar desigualdade

Gilberto Costa-Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira universidade federal a estabelecer uma política de cotas raciais para ingresso de novos alunos. Na UnB também funciona o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), coordenado por Nelson Olokofá Inocêncio, professor do Instituto de Artes (IDA). Inocêncio é autor do livro Consciência Negra em Cartaz e um dos responsáveis pela criação de cursos de história e arte afro-brasileira.

Mestre em Comunicação Social, ele conversou sobre o Dia da Consciência Negra com a Agência Brasil. Ele avalia que o país tem se modificado, assumindo a existência do racismo, mas aponta que a diminuição da igualdade vai exigir políticas públicas que promovam não apenas igualdade, mas equidade. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Agência Brasil: Que importância tem o Dia da Consciência Negra?
Nelson Olokofá Inocêncio: Essa data é um marco, foi uma conquista. Quem propôs foi o movimento negro, especificamente o Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, no início dos anos 1970. Esse dia seria, segundo os documentos históricos, o dia que Zumbi dos Palmares foi capturado e morto, quando o Quilombo dos Palmares teria caído nas mãos de Domingos Jorge Velho, bandeirante. Palmares teve uma existência longa e ocupou um pedaço de terra significativo: praticamente todo o estado de Alagoas mais um pedaço de Pernambuco. A data tem um simbolismo enorme, representa a luta da população negra contra o escravismo e a opressão. O Quilombo de Palmares também foi um projeto coletivo. É importante pensar nisso porque a luta contra o racismo também é coletiva e a população negra deve se organizar coletivamente.

ABr: A situação dos negros melhorou desde quando o movimento passou a reivindicar a comemoração da data?
Inocêncio: Eu não posso dizer que nós estamos em uma condição ideal, mas seria ledo engano afirmar que não houve avanço. Se dissesse que não houve avanço, estaria, inclusive, negando o papel do movimento negro na luta pelas transformações sociais, desconsiderando esse legado, essa contribuição significativa do ativismo negro no Brasil nos últimos 30 ou 40 anos. Houve um avanço significativo. Primeiro, um presidente da República reconhecer publicamente que o Brasil produz racismo, que foi o caso do presidente Fernando Henrique no final da sua segunda gestão. Isso é um marco para a cultura brasileira. Até então, o Estado não tinha sequer admitido a possibilidade de ser responsável pela segregação da população negra. Depois, veio o Luiz Inácio [Lula da Silva] que conseguiu desenvolver algumas políticas importantes, como a criação da Seppir [Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial] e a aprovação da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura negra. E o que é mais importante, conseguiu colocar na agenda oficial o debate sobre relações raciais. Isso é conquista. Quem viveu as décadas anteriores, as últimas décadas do século 20, sabe como foi difícil pautar esse tema, como foi difícil colocar esse tema na agenda. Hoje, inevitavelmente, o debate sobre o racismo está convocado.

Leia entrevista na íntegra...

Maria Fro: A Criminalidade Negra no Banco dos Réus. Desigualdade no acesso à justiça penal

A Criminalidade Negra no Banco dos Réus. Desigualdade no acesso à justiça penal

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Maria Fro: Por um Estado que proteja as crianças negras do apedrejamento moral no cotidiano escolar

Por um Estado que proteja as crianças negras do apedrejamento moral no cotidiano escolar

Eu apoio o parecer 15/2010 do Conselho Nacional de Educação!

Eu apoio o parecer 15/2010 do Conselho Nacional de Educação!

Para conhecer a polêmica acesse aqui e se você quiser apoiar o parecer 15/2010 do Conselho Nacional de Educação, acesse: www.euconcordo.com/com-o-parecer-152010

Professoras(es), gestoras(es), pesquisadoras(es) e vários setores da sociedade civil parabenizam a iniciativa do parecer 15/2010 que prima pela políticas de promoção da igualdade racial. Nós estamos de acordo com a recomendação do parecer.

Enfatizamos que, numa sociedade democrática e em um Ministério da Educação que tem se colocado parceiro na luta por uma educação anti-racista, o aprimoramento da análise das obras do programa nacional biblioteca escola (PNBE) está em conformidade com os preceitos legais e constitucionais da nossa sociedade. Está condizente com a garantia da diversidade étnico-racial, o pluralismo cultural, a equidade de gêneros, o respeito as orientações sexuais e às pessoas com deficiência.

Nosso entendimento é de que o parecer 15/2010 em nenhum momento faz menção à censura. Mas, tão somente, ponderações responsáveis e necessárias numa sociedade democrática. Na sociedade brasileira 50,6% da população é negra, o que está confirmado pelos dados do censo do IBGE. Portanto, a discussão do parecer não desconsidera a liberdade de expressão ou a licença poética, muito menos pode ser interpretada como um excesso de didatismo.

Trata-se de uma recomendação necessária de contextualização dos autores e suas obras que circulam nas escolas, a qual já tem sido adotada pelas instituições escolares, porém, na maioria das vezes sem considerar o peso da questão racial na formação da nossa sociedade.

Vale registrar que o problema não é a obra de Monteiro Lobato. A questão vai mais além. Entendemos que o que o CNE está propondo é o aprofundamento do estudo sistemático e cuidadoso das obras literárias que já conhecemos e a devida contextualização dos autores no tempo e no espaço, sem perder a dimensão da arte, da criatividade e da emoção que caminham juntos com a boa literatura.

Negro é a raiz da liberdade...400 anos mas parece que foi ontem-Mauroh G...

Quem planta preconceito

Pragmatismo Político: Olhos Azuis, a dor do preconceito

Pragmatismo Político: Olhos Azuis, a dor do preconceito
Assista abaixo o documentário completo dividido em nove partes:
Vídeos no link do Blog Pragmatismo Político.

Gabriel, O Pensador - Racismo É Burrice (MTV ao vivo)



VAMOS MARCAR O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, ELE NÃO PODE PASSAR EM BRANCO!

Um espaço sem padrão -Welber Mascarenhas- Conceição do Coité: Igualdade humana

Um espaço sem padrão -Welber Mascarenhas- Conceição do Coité: Igualdade humana: "O dia da consciência negra é comemorado no dia 20 de Novembro, porém, desde já deixo minha contribuição. Não é admissível hoje em dia design..."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

4 Non Blondes - What's Up

Pragmatismo Político: Consciência Negra

Pragmatismo Político: Consciência Negra

Consciência Negra é saber que, no Brasil de hoje, não existe ainda igualdade total entre os descendentes dos africanos que para cá vieram como escravos e os daqueles que vieram da Europa e da Ásia, como colonizadores e depois como imigrantes. Estes, já tiveram representantes em todos os escalões dos três poderes da República, inclusive na Presidência. E o povo negro, não!

Consciência Negra é compreender que isso acontece não por incapacidade intelectual ou de trabalho do povo negro e sim pelo que aconteceu após o fim da escravidão. Os ex-escravos foram "jogados fora", sem terra para plantar, sem emprego, sem teto - a não ser aqueles que permaneceram com seus antigos donos. E aqueles que já não eram mais ou não tinham sido escravos e ganhavam sua vida por conta própria foram perdendo seus lugares, até nas ocupações mais humildes, para os imigrantes que aqui chegavam.

Consciência Negra é entender que desde antes da escravidão criou-se uma literatura através da qual se infundiu na cabeça do brasileiro uma impressão irreal sobre o povo negro como um todo. De que nós somos feios, sujos e pouco inteligentes; que só queremos saber de festa e divertimento; que nossas religiões são infantis; que só somos bons para pegar no pesado, praticar esportes, fazer música e praticar sexo. E muitos negros acreditaram nisso.

Consciência Negra é aprender como negar isso tudo: estudando a História da África, desde o Egito, passando pelos grandes impérios oeste-africanos da Idade Média; tomando conhecimento de que as concepções religiosas africanas têm um profundo fundamento filosófico, como foi inclusive comprovados por padres europeus que as estudaram;

Consciência Negra é saber que o povo negro não resistiu passivamente à escravidão e usou de todos os meios ao seu alcance para se libertar. É saber também que houve negros que lucraram com o tráfico de escravos, a partir do século 17; mas que, essa modalidade de escravidão, foram os europeus que levaram para a África;

Consciência Negra é, hoje, perceber que os que lutam contra a adoção de políticas de ação afirmativa contra o racismo e a exclusão do povo negro (como a chamada "política de cotas") são pessoas que não querem perder os privilégios de que desfrutam, com o possível ingresso em seus "reinados" (caso de alguns professores universitários que fizeram carreira estudando o "problema do negro") de concorrentes até mais bem preparados, pela própria vivência do problema.

Consciência Negra é, enfim, entender que o conceito de "negro" é hoje um conceito político, que engloba pretos, pardos, mulatos (menos ou mais claros) desde que se aceitem como tal e estejam dispostos a dar um basta no que hoje se vê nas telenovelas, nas profissões mais lucrativas, nas gerências empresariais, nos altos escalões de decisão, nos espaços de prestígio e de formação de opinião, nos locais onde se concentra a renda nacional. E o que se vê nesses lugares e situações é um Brasil que não corresponde à realidade de sua população, na qual mais de 60% são descendentes, próximos ou não, dos africanos aqui escravizados.


Nei Lopes, escritor e compositor

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Criação de Webquest-O negro e seu espaço na sociedade.

Taí a Webquest que criei com as atividades propostas para Semana da Consciência Negra. Foi um trabalho um pouco difícil, mas bastante interessante. Essas ferramentas tecnológicas nos permitem ampliar significativamente as ações e propostas inovadoras para nossa prática pedagógica. Além de permitir integração e interação com os demais profissionais da educação, pesquisadores e alunos.
Visitem:

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_tablon_w.php?id_actividad=23604&id_pagina=1

Titãs - Clipe "Porque Eu Sei Que É Amor"

domingo, 14 de novembro de 2010

Tecnologia, sociedade e educação.

Atualmente observamos uma revolução geral ao se tratar de temas como: evolução tecnológica, suas aplicações e repercussões na sociedade como um todo, além de outras abrangências devido ao impacto dessa evolução na vida individual e coletiva do ser humano.

O contexto apreciado vem se desenvolvendo desde os primórdios onde o próprio homem buscava desenvolver meios que facilitassem sua vida e possibilitasse uma adaptação melhor ao meio em que estava inserido. A partir daí foi criando-se técnicas que viabilizavam a produção de novos artefatos e, aprimoravam assim sua inteligência em busca de novas descobertas. Nesse caminho chegamos ao hoje, e, ao compararmos com os dias atuais vemos que a partir do aprimoramento de simples ferramentas desenvolvidas antigamente podemos dispor de aparelhos e mecanismos que facilitam a vida moderna, cheia de ocupações e que requer rapidez e eficiência para que a mesma se torne mais agradável.

Invenções como o rádio, a TV, os caixas eletrônicos, cartões de crédito, aparelhos eletro-eletrônicos, computador, internet, MP3, celulares, carros, aviões, metrô, DVD, etc., estão presentes no cotidiano de cada um de nós, direta ou indiretamente, a criação desses produtos tecnológicos interfere em nossas vidas interligando-se em todos os aspectos, pois, mesmo que não se use cada um deles, os produtos finais são imprescindíveis para nossa sobrevivência e facilitam até uma redução de nossa carga efetiva de trabalho, propiciando assim um tempo maior para o lazer e o descanso.

Nessa perspectiva podemos notar que por mais que tenhamos resistência aos efeitos da evolução desenfreada das tecnologias em nossas vidas, elas estarão sempre presentes nas demais atividades que realizamos no dia-a-dia. Os questionamentos que surgem acerca desse envolvimento cooperam para que tenhamos uma postura ética e responsável quanto ao seu uso, sabendo equilibrar seus benefícios para que não nos escravizemos ao uso dos aparatos tecnológicos.

Restringindo essa discussão ao uso do computador e da internet, podemos perceber um enfoque maior acerca dos reflexos que isso traz na nossa realidade, no nosso comportamento e da relação entre esses artefatos e nossos valores existenciais. É inegável a importância de se estar em rede atualmente, o mundo gira em torno disso, pois vivemos numa sociedade globalizada, exigindo que estejamos atualizados acerca das informações e demais suportes oferecidos por essas inovações. O ato de comunicar-se através da internet possibilita a ampliação de horizontes ao se compreender que a mesma permite uma interação direta, não observada, por exemplo, no uso da televisão e do rádio.

A possibilidade de pesquisar, comunicar, modificar, interagir e evoluir juntamente com o resto do mundo em tempo real, faz da conexão com a internet um meio atrativo de inserção social. A maioria dos segmentos da sociedade está conectada com essa inovação e a escola, nesse contexto, se abre para a utilização dessa conexão e do uso de outras tecnologias como ferramentas que trazem benefícios ao se ministrar aulas no intuito de viabilizar aos educandos no espaço de aprendizagem, meios que eles dispõem e utilizam no seu cotidiano.

A importância desse uso se dá ao percebermos que os alunos têm um leque de opções para aquisição de conhecimento e interação fora da escola, então para que tenha interesse de aprender de forma crítica e atuante na instituição de ensino é imprescindível o acompanhamento dessas evoluções pela mesma, valorizando a possibilidade de seu uso de forma ética e a compreensão de seus malefícios e benefícios. Há também assim uma união de saberes, que surge em prol do desenvolvimento do conhecimento coletivo, permitindo que a informação e a comunicação on-line colaborem para o crescimento social, intelectual e pessoal dos educandos.

A internet propicia a possibilidade de seu uso como um espaço virtual de divulgação pessoal e coletiva em muitos setores que não disponibilizam esse acesso às pessoas de camadas sociais menos favorecidas, ou até de outras que a utilizam como meio mais amplo de divulgação de seus serviços. Tanto em nosso mundo real quanto no virtual precisamos seguir uma conduta pré-determinada que não desabone as regras impostas para seu uso, pois podemos, mesmo na virtualidade de nossas ações, sofrermos penalidades ao nos apropriarmos de suas possibilidades de maneira inadequada.

O ciberespaço abre caminhos para uma conexão global, na qual ao interferirmos com nossas idéias, saberes e produções, fazemos parte da cultura virtual, a cibercultura. Ao compararmos esse espaço virtual com o real podemos perceber as suas interrelações e semelhanças e como o homem adaptou sua vida real a essa virtualidade interativa mais ampla, ao permitir que ele deixe de ser apenas um receptor passivo, e se torne um sujeito ativo de seus desejos, opiniões e atitudes, através da interação e da capacidade de transformar, que é considerada inerente ao ser.

A relação de todas essas reflexões com o ambiente escolar demonstra também a possibilidade de criar, opinar, ler, escrever, adquirir novos conhecimentos e, portanto, desenvolver-se nesse ambiente de forma satisfatória. Mesmo que alguns estudiosos considerem a falta de contato do sujeito com o objeto no ambiente virtual prejudicial ao crescimento pessoal dos seres, nota-se que não se extingue nessa relação o contato com a leitura e a escrita, bem como o desenvolvimento da criticidade. Há uma nova linguagem, há uma nova postura, mas os fins são aceitos e analisados como benéficos em sua maioria.

Cabe a nós, pais e professores, delimitarmos o uso dessas tecnologias e acompanharmos nossa clientela nesse processo de adaptação e uso dos ambientes virtuais e das novas tecnologias no ambiente escolar. Faz-se necessário antecipadamente que analisemos também nossa postura e conduta mediante essas ferramentas, na intenção de conduzir e mediar de forma correta essa adaptação. É dever da sociedade em geral, cultivar valores, questionar procedimentos e atitudes e esclarecer, através de estudos e suas divulgações, como o uso de tais produtos tecnológicos, pode melhorar nossas vidas sem nos tornar, necessariamente escravos de suas finalidades.

LER E ESCREVER EM MATEMÁTICA

O ensino de matemática desperta na maioria dos educandos sentimentos de repulsa e incapacidade, esse fato advém da metodologia utilizada durante anos na aplicação dos conteúdos abrangidos na disciplina e caracterizados por simbolismos e formalidades contidos no ensino dos mesmos.

Considera-se a disciplina de matemática hoje como uma das mais complicadas para aprendizagem, ela é indicativa de sucesso de apenas uma minoria por causa de sua dificuldade de compreensão. Apesar de existirem fundamentos e linguagens matemáticas na maioria das ações quotidianas dos indivíduos e em quase todas as áreas do conhecimento, ainda trata-se a mesma como disciplina isolada e sem relação prática da maioria dos seus conteúdos com a vida dos mesmos por ser enfatizada por códigos escritos.

No intuito de reparar esse equívoco cometido pela escola e seus currículos num processo histórico cultural, se faz necessário alfabetizar em matemática buscando entender o que se lê e escreve a respeito das primeiras noções da disciplina presentes na prática quotidiana, diminuindo assim a distância entre a matemática ensinada na escola e a realidade do educando. O mesmo que, sem saber ás vezes, utiliza-a nos mais diversos momentos de sua vida.

Pra que tal mudança se efetive, pensa-se também em rever a prática pedagógica atual, repensar as atividades propostas, a forma de apresentação dos conteúdos e a organização dos trabalhos escolares, de maneira que envolvam as diferentes expressões da linguagem matemática na construção dos conceitos, noções e do próprio pensamento. Contudo, isso só será possível com a utilização correta da nossa língua falada e escrita, e após esclarecer à comunidade escolar a importância e utilidade que a matemática tem na compreensão de muitos dos processos vividos pelos indivíduos.

Os materiais didáticos e a prática do professor de matemática.

Mediante as transformações que a prática pedagógica vem passando no decorrer dos tempos estão inclusas a necessidade do uso dos recursos didáticos e dos materiais didáticos. Esses instrumentos de apoio aparecem nesse contexto com a intenção de promover melhorias e viabilizar a aprendizagem e compreensão dos conteúdos matemáticos, tornando-os mais fáceis e prazerosos de serem aprendidos.

Para o uso das ferramentas disponibilizadas pelos recursos e materiais deve-se observar critérios de escolha e suas funcionalidades, adequando-os tanto à disciplina quanto a realidade vivida pelos educandos, para que tenham um resultado positivo no momento de suas aplicações. Os recursos didáticos englobam em seu universo todos os meios de que se dispõe para ministrar uma aula, partindo do físico ao humano. Mediante as definições de material didático ou simplesmente MD, compreende-se que é tudo que viabiliza a prática, são os diferentes instrumentos utilizados para enriquecer as aulas e possibilitar a compreensão e apreensão dos conteúdos propostos.

Para obter um resultado satisfatório em sua prática, o professor deve buscar capacitações nesse âmbito, para que possa dispor corretamente dos diversos recursos, jogos e MDs, e assim incluí-los no seu planejamento. Esse deve abranger os conteúdos associados à realidade vivida pelos educandos, para que os mesmos possam perceber a funcionalidade e utilização desses temas em sua vida, considerando que dessa forma viabiliza-se o desenvolvimento de competências e habilidades que envolvem o raciocínio lógico-matemático e a autonomia, levando-os assim a serem indivíduos críticos e pensantes, construtores de seu conhecimento. Essa aplicação deve acontecer de forma ampla dispondo de ferramentas concretas que contenham sons, imagens e cores, pois essas colaboram para que haja dinamismo nas aulas e auxiliam na motivação das aulas.

O uso do livro didático, que até os dias atuais é tido como peça principal por professores e alunos nas aulas de matemática, precisa ser repensado. Tal instrumento deve apresentar-se como coadjuvante, como apoio pedagógico, não como norteador primordial do aprender. Sua escolha deve ser feita a partir de critérios que contenham as propostas de atividades nele contidas relacionadas à realidade vivida pela escola e sua clientela, a análise das idéias e vida de seus autores, propostas de experiências que auxiliem no processo de aprendizagem e sugestões de leituras que enriqueçam o conhecimento e possibilitem um trabalho interdisciplinar.

As Diretrizes para a formação de Professores da Educação Básica sinalizam acerca dessas reflexões, no que tange a função do professor apresentando-o como mediador do processo ensino-aprendizagem, como peça fundamental que viabiliza através do planejamento, escolhas das estratégias e das ações propostas, os meios para que os envolvidos nesse processo atinjam os objetivos definidos e um efetivo aprendizado. A escola precisa estar atenta a essas novas percepções e disponibilizar espaços físicos adequados a essas necessidades, representados pelo Laboratório de Matemática, colaborando no processo e dando suporte a essas inovações.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Estratificação e Mobilidade Social em Conceição do Coité

O conceito de estratificação aparece como o tipo de estrutura social que dispõe o indivíduo, com suas posições e papéis, em diferentes camadas ou estratos. Refletindo a partir desse conceito e reportando-o a Conceição do Coité, onde vivo, pode-se perceber que o tipo de estratificação vivenciada aqui é o de classes. Por ser uma cidade na qual a política local rege quase que totalmente a vida das pessoas observa-se a dependência da população de ações e posições da administração local que definem e determinam sua posição social e suas possibilidades de crescimento considerando sua escolha política. Os meios utilizados para tal chegam a ser humilhantes, porém tais atitudes são tomadas de forma sutil, perceptivas em sua maioria por quem depende desse poder. As demais camadas sociais aqui encontradas são formadas de comerciantes, funcionários públicos estaduais e municipais. Também releva-se a forma de vínculos aplicadas pelos empresários locais que, desde tempos remotos, construíram suas vidas a partir da cultura do sisal, explorando os trabalhadores rurais, pagando um preço ínfimo pelo quilo da planta já desfibrada, fazendo assim com que seu enriquecimento seja rápido e a dependência desses trabalhadores se perpetue.
A mobilidade social aqui se apresenta a partir da análise do seu conceito quando se diz que: é possível a mudança de posição social num dado sistema de estratificação social. Indivíduos que refletem acerca da situação apresentada no parágrafo anterior e tomam, a partir da educação e da percepção de tais injustiças, atitudes que os levam a trilhar outros caminhos que não permitam sua subjugação a tais sistemas de exploração e controle social, estabelecidos pela classe dominante local.

Sociologia e Formação do Educador

A Sociologia é importante na formação dos educadores no que tange a compreensão da evolução da sociedade em si e da visualização das diversas formas de interação da sociedade em âmbito mundial, considerando as implicações desses fatores na vida do ser humano, “pois, sendo uma disciplina humanística, ela pode propiciar aos futuros mestres uma visão laica e racionalista, desembaraçada de toda religião.”
O seu conceito é apresentado no texto sendo “a ciência que estuda o universo sociocultural do homem, as relações sociais, as formas de associação, as facetas da cultura, da estrutura social, o comportamento, a interação, a mudança social e as inter-relações dos fenômenos sociais.” E aparece de forma resumida, dizendo que “a Sociologia é o estudo e o conhecimento objetivo da realidade social”.
Tem como objeto - o homem e o meio humano em suas interações recíprocas: interesse nos problemas sociológicos, buscando explicação e compreensão da vida social. Seu objetivo é conhecer objetivamente a realidade social, bem como aumentar o conhecimento que o ser humano tem de si mesmo e apontar solução para os problemas sociais. Nisso está explicitamente o papel que o educador tem ao desempenhar sua função de mediador do conhecimento, propiciando a reflexão do indivíduo acerca de como a sociedade se desenvolve e atua na vida dos cidadãos.

Relação Professor X Aluno=Compreensão mútua

Para que as relações interpessoais no ambiente escolar se dêem de forma coerente e satisfatória, é preciso que cada professor compreenda o papel da escola de formar cidadãos críticos e conscientes da sua função social, compreender também o seu lugar de mediador nesse processo inclusivo e transformador, viabilizando assim meios de proximidade e confiança, pois atitudes como selecionar, classificar ou excluir de alguma forma o educando, impedem uma efetiva apreensão dos valores reais de cooperação, amizade, confiança e conforto que devem ser cultivados no meio educacional. Intui-se dessa forma, acolher o educando, sensibilizá-lo a compreender que na escola o mesmo pode encontrar meios efetivos de formação pessoal e profissional.
O professor deve então valorizar cada aluno e suas particularidades, seus desejos e vocações, preparando o educando para agir e interagir nos espaços que convive, para tal é necessário também que o educador esteja preparado para enfrentar as adversidades, problemas e possíveis entraves nesse espaço, usando a ética e o controle emocional como comandantes das situações vividas. O processo ensino/aprendizagem deve ser dinâmico e rico de relações afetivas e de diálogos constantes, para que cada professor compreenda as realidades de cada aluno e seu meio, excluindo assim visões sectárias e limitadas dos mesmos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Viomundo: Ivan Valente repudia o preconceito contra nordestinos

10/11/2010 – 20:06
Em repúdio ao preconceito contra os nordestinos em São Paulo
dica do Fábio Passos

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,

Como paulista, me sinto no dever de subir a esta tribuna para manifestar toda a minha solidariedade ao povo nordestino e meu mais profundo repúdio às manifestações de preconceito que pessoas nascidas em meu estado tem manifestado nas últimas semanas, nos mais diferentes espaços e redes sociais da internet, em relação a brasileiros e irmãos que vieram do Nordeste e constroem São Paulo.
O “movimento”, como todos devem ter acompanhado, começou pelo twitter logo após o resultado do segundo turno das eleições presidenciais. Foi provocado por essa conjuntura, inclusive de maneira totalmente equivocada, porque a candidata do PT venceu não só no Nordeste, mas em Minas, no Rio de Janeiro, em vários estados. Mas sem dúvida é algo que reflete um preconceito historicamente construído em nosso estado, principalmente na capital São Paulo, onde há muito tempo manifestações racistas e de preconceito étnico, regional e de orientação sexual vem sendo tratadas com “naturalidade”, ganhando inclusive pouca visibilidade dos meios de comunicação.
Em cenários como este, a discriminação racial é banalizada e deixa o caminho aberto para incitações à violência e ao ódio de classe, como a praticada pela estudante de direito Mayara Petruso. Como o caso ganhou alguma visibilidade, Mayara agora pode ser processada, mas são incontáveis e cotidianas manifestações desta ordem, que se perpetuam diante da omissão do Estado e da conivência da uma significativa parcela da população paulista.
A gravidade da situação é tamanha que estes cidadãos se sentem à vontade, sem qualquer pudor, para aprofundar seu preconceito e propor ações que beiram ao fascismo. É o caso do grotesco manifesto “São Paulo para os paulistas”, que já conta com milhares de assinaturas na internet. Para seus autores e signatários, então entre as responsabilidades da migração dos nordestinos para São Paulo a alta criminalidade e os hospitais superlotados em nosso estado. São incapazes de enxergar a brutal desigualdade social em nosso país, que força milhares de famílias a deixarem o pouco que tem para traz em busca de alguma dignidade. Tampouco enxergam essa mesma desigualdade como a raiz da violência em todo o Brasil – e não apenas em São Paulo.

O manifesto propõe barbaridades como:

– restringir o acesso a serviços públicos como saúde e educação a pessoas que comprovem residência e trabalho fixo no Estado de S Paulo há pelo menos dois anos.

– acabar com a cobrança de taxas diferenciadas de água, luz e IPTU nas favelas.

– suspender a distribuição de medicamentos gratuitos, de auxílio-aluguel, do programa mãe-paulistana, de quaisquer “bolsas por número de filhos”, de entrega de “casas populares”, de acesso ao “leve-leite”, de entrega de uniforme, material e transporte escolar, de cestas básicas.

– proibir totalmente qualquer tipo de “comércio ilegal”, com apreensão e prisão em caso de reincindência.

E justificam: “São Paulo deve cuidar dos SEUS pobres”.

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Ô Nordeste que é discriminado, é muita barbárie para uma região que já sofre tanto!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carta Honesta a Willian Bonner

Carta Honesta a Willian Bonner

Eu não sou Partidário de Nenhuma Chapa. Não Voto em Dilma, menos Ainda em outros Políticos que ai estão fazendo o teatro eleitoral para que o povo permaneça adestrado e mais que tudo, Burro..
Mas hoje depois de assistir o senhor tentando entrevistar e imprimir na candidata contradições que em minha opinião, Dilma não teve sequer tempo para criá-las, resolvi tomar a liberdade de escrever ao senhor.
Não tenho esperança em ser lido pelo senhor e menos ainda e receber alguma resposta. Mas vou escrever assim mesmo porque eu Sou um brasileiro! Um dos muitos (somos cada vez mais numerosos) que não aceita e jamais aceitará a plástica de felicidade e pátria que as organizações globo gostariam de enfiar goela abaixo do povo pobre do Brasil (pois já os fez com os escravos ignorantes e puxa-sacos da elite como o senhor) através de suas novelas, de seus satânicos e sodomitas diretores de televisão. Que através de seus Castings, conseguiram em pouco mais de 30 anos mais do que; Banalizar a prostituição. Destruir a Infância. Aumentar a Miséria intelectual de nosso povo. Transformar jovens Estudantes e trabalhadores em seres alienados de sua essência, de sua história e acima de tudo, da Verdade.
Que fique claro que a única coisa que convence o senhor de que o senhor é bom profissional é a empresa para qual o senhor trabalha e a opinião de gente que compactua de uma cultura limitada e enganosa como a que o senhor mostrou ter ao se contradizer diversas vezes, a ponto de sua mulher, Fátima Bernardes, mandá-lo sutilmente calar a boca.
Que fique claro para o senhor que muitos brasileiros percebem a tentativa de manipulação das grandes redes através de seus âncoras. A sua maneira de tratar Dilma Rouseff deixou claro que seu conhecimento não é mais do que as mentiras norte-americanas que criaram a comunidade científica, a Nasa, o Aquecimento Global feito pelo Homem. O senhor apesar de Editor do Maior Jornal do Brasil é um ignorante. O JN só é respeitado no Brasil por que o povo não tem conhecimento, nem estudo e está baixo controle mental. O senhor dá há 40 anos a mesma notícia que foi dada, do mesmo jeito, por todos que na sua poltrona estiveram.
O senhor não é jornalista
O Senhor é apenas um Repetidor, um hipnotista que através de uma seriedade robótica que não sabe o que repete, manipula mentalmente as pessoas ingênuas do povo brasileiro.
O Fato é que nem o senhor deve ter consciência do papel que ficou reservado para o seu trabalho na sociedade.
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SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA-PESQUISA E PROPOSTAS

ESCOLA ANTÔNIO BAHIA-CONCEIÇÃO DO COITÉ-BAHIA
SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

 TEMAS:
  • O NEGRO E AS ARTES (DANÇA, LITERATURA, PINTURA, ETC...)
  • O NEGRO E A SAÚDE
  • O NEGRO E O TRABALHO
  • O NEGRO E A SEGURANÇA
  • MULHER NEGRA E SEU ESPAÇO NA SOCIEDADE
  • O NEGRO E A POLÍTICA
  • O NEGRO E A EDUCAÇÃO
PROPOSTA:

Comentar com os alunos sobre os temas, escolher 2 responsáveis para orientar a turma, indicar as fontes de pesquisa e orientá-los na mesma. Fica a critério da turma a forma de apresentação, que será no pátio da escola na data escolhida (19 ou 22 de novembro). Cada turma terá 20 minutos para apresentar a síntese da pesquisa da forma que escolher (seminário, vídeo, slide, etc...) e deverá entregar ao professor responsável um relatório contendo os seguintes itens:

1. Desenvolvimento da pesquisa.

2. Participação dos colegas.
3. Dificuldades.
4. A colaboração da pesquisa na aprendizagem.
5. Avaliação da turma sobre o trabalho.
Sugestões de links para pesquisa sobre o tema:
1. http://www.ceafro.ufba.br/web/
2. http://www.lisa.usp.br/
3. http://tvbrasil.ebc.com.br/novaafrica/
4. http://plugcultura.wordpress.com/2010/11/03/quartas-baianas-exibe-filmes-relacionados-a-cultura-afrobrasileira/
5. http://www.casadasafricas.org.br/
6. http://historiaemprojetos.blogspot.com/
7. http://historiaemprojetos.blogspot.com/2010/05/construcao-da-igualdade-historia-da.html
8. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12260&Itemid=817
9. http://www.palmares.gov.br/
10. http://www.portaldaigualdade.gov.br/
11. http://www.reparacao.salvador.ba.gov.br/
12. http://www.sepromi.ba.gov.br/
13. http://www.fundep.ufmg.br/cmi/pagina.aspx?201
14. http://www.ceafro.ufba.br/web/index.php/noticias/exibir/24 (segurança/saúde)
15. http://www.educacao.institucional.ba.gov.br/node/1484
16. http://futuro9.blogspot.com/2010/11/percepcoes-e-os-novos-desafios-para-o.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+EduFuturo+%28EduFuturo%29 (TRABALHO)
17. http://www.portaldaigualdade.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2010/10/seppir-incentiva-comemoracoes-ao-dia-nacional-de-mobilizacao-pro-saude-da-populacao-negra (saúde)
18. http://www.portaldaigualdade.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2010/10/estande-da-seppir-faz-sucesso-na-semana-nacional-de-ciencia-e-tecnologia (educação)
19. http://www.palmares.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3052 (artes e cultura)

20. http://mariafro.com.br/wordpress/?p=21376 (segurança/trabalho/direitos humanos)

Mais sugestões postem nos comentários, um abraço!

domingo, 7 de novembro de 2010

Terra: Disputa pelo Twitter marca segundo turno nas redes sociais

Se o primeiro turno das eleições foi ancorado por 'tuitaços' promovidos por vários candidatos, a segunda etapa da disputa presidencial levou a marca das hashtags, palavras-chave usadas no Twitter para identificar uma mensagem de 140 caracteres. Mais do que esta categorização, as hashtags serviram, nesta campanha, para organizar movimentos de militantes na tuitosfera. O objetivo era estar sempre presente nos Trending Topics, a lista dos assuntos mais citados do momento na comunidade.

Uma hashtag muito citada poderia não aparecer nos Trending Topics? Aos olhos do estrategista de mídias digitais da campanha de Dilma Rousseff, Marcelo Branco, isto aconteceu durante o primeiro debate do segundo turno. Para Branco, o Twitter teria imposto filtros que não permitiram à hashtag #dilma13 chegar à lista de tendências.
Se um termo não virava destaque, os militantes tentavam outro e outro, no que se tornou uma criativa competição pelo Twitter. Entre as hashtags criadas pelos apoiadores de Dilma estavam: #SerraMilCaras, #SouMaisDilma, #Dia31Vote13, #SerraRojas, #13confirma, #boladepapelfacts (em menção ao episódio do objeto jogado contra a cabeça de José Serra) até o marineiro slogan #SejaMais1Dilma, usado na fase em que a ex-candidata pelo PV ainda não havia decidido quem apoiar. Pelo lado tucano, a disputa pelos Trending Topics foi com as hashtags #DilmaNão, #Serra45, #Virada45, #euquero45, #PTmente e com o jogo de caracteres BR45IL.
A preocupação dos petistas com boatos que estariam circulando pela rede chegou às mídias sociais. Foi quando a campanha 'Espalhe a Verdade' ganhou projeção no Twitter, no Orkut, no Facebook e no Formspring.
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sábado, 6 de novembro de 2010

Sala, copa e cozinha, Michel Blanco via Yahoo! Colunistas

Sala, copa e cozinha, Michel Blanco via Yahoo! Colunistas: "

A xenofobia da estudante paulista não é retrato das tensões do momento. É uma fotografia embolorada, guardada num fundo de armário, agora trazida à tona.

"

Escolhendo a Pílula Vermelha: Reflexões sobre o ENEM

Escolhendo a Pílula Vermelha: Reflexões sobre o ENEM: "A mais famosa Reforma da história, ocorrida no século XVI, levou ao surgimento do Protestantismo e das religiões Luterana, Calvinista e Ang..."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cine Reflexão: A Cor Púrpura

Semana da Consciência Negra

Vem aí a Semana da Consciência Negra, e considero que ainda tratamos desse tema de forma restrita a datas, sem aplicar efetivamente em nossas escolas o que propõe a lei 10639/03.
Abro esse espaço para sugestões e para socializarmos textos, vídeos, livros, atividades, debates e tudo mais que tiver esse debate em foco.
Segue inicialmente a Lei:

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Mensagem de veto Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)"

"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.1.2003

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Zé de Abreu já diz: “A direita não quer o povo educado, pois quem recebe educação, vota na esquerda”.

Zé de Abreu já diz: “A direita não quer o povo educado, pois quem recebe educação, vota na esquerda”.
Comentário meu:

Isso é notório nos espaços escolares, quando nossos alunos passam a conhecer a verdadeira história do Brasil e do Mundo e descobrem seu poder enquanto cidadãos a partir dos direitos e deveres que possuem, adquirindo assim uma criticidade imensa.
Essa descoberta faz com que questionem a sociedade atual, os contextos políticos, a construção histórico-política de suas cidades, as esferas de poder, os detentores desse poder e a influência disso em suas vidas e na comunidade em que vivem.
É como se tirasse uma venda dos olhos do povo, que por muito tempo, não teve acesso à educação de qualidade.
Acredito que o caminho é esse, primar por uma educação verdadeira, qualitativa, esclarecedora e que viabilize a ação das pessoas que fazem parte do processo educativo.

Pensando sobre o Twitter

Fiz meu twitter ano passado para ententer a serventia e acompanhar minhas filhas adolescentes nessa virtualidade. Achava uma idiotice. Depois pensei na utilidade como ferramenta pedagógica na minha função de educadora.
Chegou a eleição e me agarrei a ele como suporte no combate ao PIG, às mentiras e para tomar conhecimento histórico de muita coisa que era escondida, mas que foram saindo de acordo com o rumo tomado no segundo turno, e também para divulgar o que nos ajudaria.
Ganhei seguidores que comungavam desse objetivo. Busquei seguir quem fosse companheiro e que essa união formasse uma força para prosseguir na luta e não desanimar.
Hoje pela manhã comecei a refletir sobre essa trajetória. E pensei quais outras semelhanças e objetivos nos manterão ligados ou não.
Bom... Vamos esperar o tempo para que eu possa ver o que vai restar. Os ganhos e perdas... Os amigos ou meros seguidores... Ah! Deixa pra lá.
Que os frutos sejam bons e verdadeiros. Tanta coisa muda nossas vidas e na nossa vida... Sei que valeu à pena. Obrigada companheiros.


O mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos. Oliver W. Holmes

Um espaço sem padrão -Welber Mascarenhas- Conceição do Coité: Uma vitória escrita nas estrelas

Um espaço sem padrão -Welber Mascarenhas- Conceição do Coité: Uma vitória escrita nas estrelas: "O Brasil acordou com uma página totalmente nova em sua história, após ter acabado em 2002 com a hegemonia de elitistas na presidência com a ..."