Coisas da Tamonca

Minha foto
Conceição do Coité, Bahia, Brazil
Pedagoga, Matemática, Mãe, Gestora da Escola Antônio Bahia-Conceição do Coité, Petista por enquanto, Amo LULA, luto por justiça, igualdade, odeio qualquer tipo de calúnia, discriminação ou preconceito. E vou vivendo... Música, poesia, livros, arte, cultura, internet, política e educação são minhas diversões. No mais o mundo é uma caixinha de surpresas, é só querer descobrir!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brasileiros desconhecem o papel do Conselho Escolar, indica pesquisa

Brasileiros desconhecem o papel do Conselho Escolar, indica pesquisa

Os conselhos escolares foram criados para que a gestão das instituições públicas de educação básica fosse mais democrática e contasse com a ajuda da comunidade, mas não é essa a situação em grande parte das escolas brasileiras.

Segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), divulgado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 71% da população desconhece o papel dos conselhos. A falta de informação atinge principalmente pais com baixa escolaridade e mais de 55 anos de idade, universo onde a desinformação chega a 80%. O Ipea ouviu 2.773 pessoas em todo o Brasil no final de 2010.

Para o professor Angelo Ricardo Souza, do Núcleo de Políticas, Gestão e Financiamento da Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a causa está essencialmente no fato de os instrumentos de gestão democrática ainda serem recentes no país e a população não estar acostumada a participar.

“A prática do conselho escolar tem 15 anos, o que é muito pouco tempo para termos uma atuação efetiva. Sem contar que não existe divulgação suficiente nem conscientização dos pais de que sua participação é fundamental para o andamento da escola”, explica.

Parceria

A participação pouco expressiva também pode ser explicada pela falta de tempo dos pais. Além de a maioria trabalhar em tempo integral, Souza explica que ainda existe o entendimento de que educação é papel exclusivo dos professores. Por esse motivo, a discussão sobre os assuntos financeiros, administrativos e pedagógicos da escola não faz parte da lista de interesses da família.

No Paraná, por exemplo, das 2.164 escolas estaduais, 80% têm conselhos ativos, mas isso não significa que eles funcionem como deveriam.

Souza explica que na prática esses organismos estão mais ligados ao trabalho administrativo e financeiro do que ao pedagógico, embora 94% das pessoas que disseram saber da existência do conselho afirmem que a função pedagógica é a mais importante.

Na maioria das vezes, os participantes decidem sobre reformas na estrutura física da escola ou problemas que rondam os arredores da instituição, como segurança.

Segundo a pesquisa, 91% das pessoas veem na fiscalização da aplicação dos recursos financeiros o maior papel do conselho. “Como também faz parte do trabalho manejar os recursos, os conselheiros acabam se envolvendo com isso em primeiro plano e deixam de lado as discussões sobre o ensino”, diz Souza.

Na escola Algacyr Munhoz Maeder, as ações do conselho seguem essa linha. Segundo a diretora, Yasodara Collyer de Magalhães, as últimas decisões foram sobre a limpeza e pintura dos muros pichados, assim como questões sobre indisciplina.

“Mesmo assim é muito difícil trazer a família para a escola. A única época do ano em que vejo os pais vindo aqui e realmente interessados é durante a rematrícula”, conta.

Para estimular a participação da população, a superintendente da Secretaria Estadual de Educação (Seed), Merougy Cavet, diz que ainda para o primeiro semestre estão previstas ações para que a comunidade entenda a importância de participar da escola.

“Hoje os boletins bimestrais são on-line, mas vamos voltar a fazer de papel, para que os pais se obriguem a ir até a instituição e a se integrar mais com o colégio”, afirma.

Interesse

Mesmo com o pequeno interesse geral pelos assuntos escolares, existem pais que procuram espontaneamente a instituição para ajudar. Desses, 91% sabem da importância do papel do conselho para a comunidade, segundo a pesquisa do Ipea.

O músico Ronaldo Guilherme Tavares tem dois filhos na escola Algacyr Munhoz Maeder, onde estudam há seis anos. Desde o começo ele se dispôs a conhecer o funcionamento da instituição, até ser convidado pela diretora para integrar o conselho.

“Vi no conselho a chance de levar as demandas da comunidade para a escola, mas também de ficar mais próximo da vida escolar dos meus filhos”, afirma.

Tavares gostou tanto do contato direto com a escola que resolveu fazer mais. Entrou no projeto Escola Aberta, que leva a comunidade a desenvolver atividades com os alunos nos fins de semana, e passou a dar aulas de violão para a garotada.

Pelo menos duas vezes por semana ele permanece no colégio. “A maioria dos pais que conheço não tem o menor interesse. A alegação é sempre a mesma: falta de tempo”.

Desempenho

A pesquisa do Ipea também aponta relação direta entre funcionamento do conselho e bom desempenho escolar. Nas escolas onde a agremiação é atuante, os indicadores que medem a qualidade do ensino, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), são mais altos.

A Secretaria Estadual de Educação também identificou essa relação, ao lado de outros três itens que fazem uma escola ganhar destaque nos indicadores: um diretor comprometido, uma proposta pedagógica eficiente e pouca rotatividade de professores.

A escola Ângelo Trevisan, que fica no bairro Santa Felicidade, em Curitiba, é um exemplo do bom resultado do trabalho do conselho. Ela está entre as três instituições do Paraná que conseguiram alcançar nota 6 no IDEB na primeira etapa do ensino fundamental, meta prevista para 2021 pelo Ministério da Educação.

Para a diretora do colégio, Antônia Maria Dezan Lobato, o resultado pode ser explicado, entre outros fatores, pela participação dos pais. “Sempre que precisamos, convocamos os conselheiros. Muitos deles, claro, têm suas atividades diárias, mas reservam uma parte do tempo para vir à escola”, conta.

Entre a grande conquista do conselho está a implantação do ensino da língua italiana, que não é obrigatória nas escolas. “O conselho é uma ferramenta insubstituível, até porque o usamos para fazer o que muitas vezes o poder público deveria mas não dá conta”, explica Antônia.

Para Maria Aparecida Bacayoca de Ribeiro, mãe de um estudante e uma das conselheiras da escola, a experiência muda a forma como a família percebe a educação. “Faço parte do conselho há sete anos. Passei a ver que a educação formal do meu filho também depende de mim”, afirma.

Detalhes

Saiba mais sobre o funcionamento dos conselhos de educação:

- O conselho tem a função de decidir sobre três aspectos da escola: administrativo, financeiro e pedagógico;

- O conselho deve ser composto por professores e pedagogos, fu

ncionários, alunos com mais de 16 anos, pais e membros da comunidade;reeleição

- Cada gestão vale por três anos, podendo haver .


Quer saber mais sobre a atuação dos conselhos escolares?

A dica é visitar o site do Ministério da Educação (MEC). Lá é possível encontrar várias informações sobre o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares e saber mais sobre os objetivos e as funções desta agremiação. Há também diversas publicações que abordam o tema, bem como relatos de experiências de escolas que contam com o trabalho dos conselhos. Clique aqui e conheça todos esses detalhes.


Com informações da Gazeta do Povo (PR)

Como encontrar uma palavra para exprimir uma idéia? | Personal Escritor

Como encontrar uma palavra para exprimir uma idéia? | Personal Escritor

As desigualdades raciais brasileiras | Brasilianas.Org

As desigualdades raciais brasileiras | Brasilianas.Org

Da Carta Capital


Que democracia racial é essa?

Rodrigo Martins 20 de abril de 2011 às 18:12h

Apesar da redução das disparidades propiciadas por programas de segurança alimentar, como o Bolsa Família, o abismo que separa brancos e negros no Brasil continua gigantesco. Essa é uma das conclusões do 2º Relatório Anual de Desigualdades Raciais, divulgado na terça-feira 19, pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os indicadores foram compilados a partir de diferentes bases de dados do IBGE, dos ministérios da Saúde e Educação, entre outras instituições públicas. O estudo revela que os afrodescendentes têm menor acesso ao sistema de saúde (uma taxa de não cobertura de 27%, frente aos 14% verificados entre a população branca), a exames ginecológicos preventivos, ao pré-natal e sofrem com uma taxa maior de mortalidade materna.

Por dia, morrem cerca de 2,6 mulheres pretas ou pardas por complicações na gestação, enquanto este mesmo problema acomete 1,5 mulheres brancas. Entre 1986 e 2008, a taxa de fecundidade das afrodescendentes caiu de forma mais acelerada (48,8%) que a das brancas (36,7%). No entanto, as mulheres pretas ou pardas se sujeitam com mais intensidade a procedimentos radicais de contracepção, como as laqueaduras. Quase 30% dessa população em idade fértil estavam esterilizada em 2006, frente a uma taxa de 21,7% das mulheres brancas.

“Ninguém é contra o planejamento familiar. A queda na taxa de natalidade representa uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Mas as afrodescendentes poderiam ter acesso a formas menos agressivas de intervenção”, avalia o economista Marcelo Paixão, coordenador do relatório. “A esterilização é uma solução radical demais. É como arrancar um dente para não tratar uma cárie. Por isso, causa preocupação o fato de parte dessa redução da fecundidade estar associada às laqueaduras.”

Nos últimos 20 anos, a média do tempo de estudos dos afrodescendentes acima de 15 anos passou de 3,6 anos para 6,5. Mesmo assim, está muito aquém da população branca, hoje com uma média de 8,3 anos de estudo. Além disso, 45,4% das crianças pretas ou pardas entre 6 e 10 anos estudava na série inadequada em 2008, frente ao percentual do 40,4% dos brancos. Entre as crianças de 11 e 14 anos, o problema é ainda mais grave, pois 62,3% dos afrodescendentes não estudavam na série correta. Entre os jovens brancos, a inadequação atingia 45,7%.

Por outro lado, as famílias pretas ou pardas beneficiadas pelo Bolsa Família conseguiram aumentar a quantidade de alimentos consumidos em proporção superior (75,7%) a das famílias brancas (70,1%). A elevação no consumo de arroz entre os afrodescendentes foi de 68,5%. Brancos: 31,5%. No caso do feijão, o consumo dos pretos e pardos cresceu 68%. Brancos: 32%.

“Apesar de melhorar a segurança alimentar dos afrodescendentes, o que é importantíssimo, em todos os outros setores percebe que a discrepância entre brancos e negros prevalece”, comenta Paixão. “Devido às elevadas taxas de desemprego, rotatividade no mercado de trabalho e informalidade, os pretos e partos tem um acesso bem menor à cobertura da Previdência Social. A diferença chega a dez pontos percentuais na população masculina e 20% entre as mulheres”, completa.

Outro dado que chama a atenção é o baixo índice de condenação por crimes de racismo no Brasil. Entre 2007 e 2008, 66,9% dos casos julgados nos Tribunais de Justiça de todo o País foram vencidas pelos réus e apenas 29,7% das supostas vítimas saíram vitoriosas. Na primeira instância, as vítimas tiveram sua demanda judicial contemplada em 40,5% dos acórdãos.

“Talvez os magistrados ainda acreditem no mito da democracia racial brasileira e, por isso, sejam mais brandos nas condenações e na aplicação das penas”, especula o professor da UFRJ. “Pela lei, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, mas não tenho notícia de um único racista condenado à prisão no Brasil. Vejo apenas punições pecuniárias, sobretudo indenizações, e pedidos de desculpas formais.”

http://www.cartacapital.com.br/politica/que-democracia-racial-e-essa

José de Abreu conta o que é tortura - Livros e vídeos sobre o tema | Personal Escritor

José de Abreu conta o que é tortura - Livros e vídeos sobre o tema | Personal Escritor

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Blog do Sakamoto: Dia do Índio. Qual sociedade é composta por selvagens?

Criança branca pintada de índio em escola de classe média alta é hype. Criança índia desterrada esmolando no semáforo é kitsch. Índio só é fofo se vem embalado para consumo.Nesta terça, 19 de abril, é Dia do Índio. Data boa para lembrar qual sociedade é, de fato, composta por selvagens. Vamos celebrar:
Dia do Índio se tornar escravo em fazenda de cana no Mato Grosso do Sul
Dia do Índio ser convencido que precisa dar sua cota de sacrifício pelo PAC e não questionar quando chega a nota de despejo em nome de hidrelétricas com estudo de impacto ambiental meia-boca
Dia do Índio armar um barraco de lona na beira da estrada porque foi expulso de sua terra por um grileiro
Dia do Índio ver seus filhos desnutridos passarem fome porque a área em que seu povo produziria alimentos foi entregue a um fazendeiro amigo do rei
Dia do Índio ser queimado em banco de ponto de ônibus porque foi confundido com um mendigo
Dia do Índio ser chamado de indolente
Dia do Índio ter ignorado o direito sobre seu território porque não produz para exportação
Dia do Índio ter negado o corpo de filhos assassinados em conflitos pela terra porque o Estado não faz seu trabalho
Dia do Índio se tornar exposição no Zoológico da maior cidade do país como se fosse bichinho
Dia do Índio ser retratado como praga em outdoor no Sul da Bahia por atravancar o progresso
Dia do Índio tomar porrada na Bolívia, no Paraguai, na Colômbia, no Peru, no Equador, no Chile, na Argentina, na Venezuela porque é índio
Dia do Índio ser motivo de medo de atriz de TV, que acha que um direito de propriedade fraudulento está acima de qualquer coisa
Dia do Índio entender que a invasão de nossas fronteiras é iminente e, por isso, ele precisa deixar suas terras para dar lugar a fazendas
Dia do Índio sofrer preconceito por seus olhos amendoados, sua pele morena, sua cultura, suas crenças e tradições
Enfim, Dia do Índio se lembrar quem manda e quem obedece e parar com esses protestos idiotas que pipocam aqui e ali. Ou será que nós, os homens de bem, vamos precisar de outros 511 anos para catequisar e amansar esse povo?

Blog História em Projetos: Política indigenista no Brasil

Dia do Índio
Ricardo Barros Sayeg, texto enviado pelo autor por mail
19/04/2011
Estima-se que na época da descoberta do Brasil pelos portugueses, existiam cerca de cinco milhões de índios no território nacional, divididos em mil povos diferentes. Hoje em dia, são apenas 227 povos e sua população está em torno de 400 mil. As razões do extermínio dos povos nativos são muitas e estão ligadas às doenças trazidas pelos colonizadores, ao uso de armas a fim de conquistar seus territórios, à dominação cultural, entre tantas outras formas de dominação.
No século XIX, com os avanços da biologia, em especial da epidemiologia, foi comum o homem branco utilizar-se de doenças como ferramenta de conquista de território. Um caso clássico se deu no Maranhão, na vila de Caxias. De acordo com o antropólogo Mércio Pereira Gomes, em 1816 fazendeiros da região, com o objetivo de apossarem-se de mais terras, resolveram “presentear” os índios locais com roupas de pessoas infectadas com a varíola (geralmente essas peças eram queimadas para se evitar a transmissão da doença). Os indígenas levaram essas roupas para suas aldeias e muitos acabaram morrendo, deixando muitas áreas livres para que os fazendeiros pudessem criar gado. Casos semelhantes ocorreram na região Amazônica e em toda América do Sul.
A fim de se redimir do extermínio causado aos povos nativos, o Brasil nomeou o Dia do Índio, comemorado em 19 de abril. A data foi instituída pelo presidente Getúlio Vargas por meio do Decreto-Lei 5540 de 1943 e celebra a mesma data em que, em 1940, várias lideranças indígenas do continente organizaram o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Muitos representantes das nações indígenas não participaram do Congresso temendo não serem ouvidas pelos homens brancos. Durante esse encontro foi criado o Instituto Indigenista Interamericano. O organismo, também com sede no México, tem como objetivo principal defender os interesses dos povos nativos da América em todo o continente.
O Brasil só aderiu à nova instituição devido à intervenção do Marechal Rondon. O militar foi um ardoroso defensor dos povos indígenas. Ele nasceu na cidade de Mimoso, no interior do estado do Mato Grosso. Seu pai era descendente de portugueses e sua mãe, de índios Bororós. Inicialmente foi professor e, em 1881, matriculou-se na Escola Militar do Rio de Janeiro. Foi indicado componente da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, explorando os sertões do Mato Grosso, no ano de 1892. Sua tese era: “matar nunca, morrer se necessário”. Foi ele o criador da primeira instituição de cuidados com os índios: o Serviço de Proteção ao Índio. Em 1967, foi então criada a FUNAI - Fundação Nacional do Índio. Esse organismo, vinculado ao Ministério da Justiça, tem como objetivo principal promover políticas de desenvolvimento sustentável das populações indígenas, aliar a sustentabilidade econômica à sócio-ambiental e implementar medidas de vigilância, fiscalização e de prevenção de conflitos em terras indígenas.
Nesse 19 de abril devemos refletir, e muito, sobre o futuro dos povos indígenas no Brasil e no mundo. Afinal, temos muito a aprender com eles e devemos respeitá-los em sua cultura e suas características.
 
*Ricardo Barros Sayeg é Professor de História do Colégio Paulista, Mestre em Educação pela Universidade de são Paulo, formado em História e Pedagogia pela mesma universidade.

Reproduzindo do Blog Educatube: Educação e Mudança (Celso Antunes)

Educa Tube: Educação e Mudança (por Celso Antunes):
"Fonte: http://youtu.be/bLee1851_q0
O vídeo acima, Educação e Mudança, de Celso Antunes, foi indicação indireta, via Twitter da educadora Sonia Bertocchi, editora do blog Lousa Digital.
Aproveito as palavras de Sonia em sua apresentação:

"Do banho-maria ao forno de microondas. Não ... este não é um vídeo sobre cozinha!
É uma pequena história - 2 minutos - sobre uma professora, contada por Celso Antunes".


Um pequeno vídeo, de apenas 2 minutos que promove uma grande discussão e reflexão sobre o papel social do professor, e que fala por si só...
Parafraseando Barack Obama: "O mundo mudou e nós precisamos mudar".
Os equipamentos, as mídias, as TICs se atualizam numa velocidade vertigiosa, mas muitos profissionais da educação - que eu batizo de burocratas do saber -, continuam repetindo-se em práticas conservadoras...
Preocupam-se mais com aspectos formais do que estruturais, e isso não se trata apenas de quem está em sala de aula, muitos gestores escolares e gestores públicos ainda resistem ao uso das mídias e das tecnologias da informação e da comunicação, com o manjado discursos de que não são dessa geração, que já estão velhos demais para aprender, etc etc etc.
Apreindizagem é um processo único e permanente, que nos acompanha por toda vida...
Um grande paradoxo: muitos dos que têm discurso progressista, mantém intacta sua prática conservadora, refratária ao novo, desconhecendo as mudanças sociais que se realizaram desde que a informática deixou de ser apenas um equipamento empresarial e passou a integrar o ambiente escolar.
Mas de nada adianta trocar o retroprojetor pelo datashow, para passar o mesmo conteúdo, da mesma forma burocrática e antididática...
Educar é dialogar com o mundo do alunado, como sempre digo: fazer pequenas expedições ao outro lado da fronteira que separa o professor da aldeia digital onde vive seu aluno... E a partir disso, estabelecer uma nova linguagem, comum a ambos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Reproduzindo do Blog Amálgama: Fábrica de Wellingtons

Devemos pensar muito quando, talvez até inconscientemente, ajudamos a formar mais Wellingtons na nossa caminhada, através do preconceito, da negligência e da "falta" de sensibilidade aos problemas das pessoas que fazem parte de nossas vidas.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.", já dizia o querido Exupéry.
Aproveitemos nossos dias para cativar com amor, orientar pela paz, saudar com carinho e atenção, perdoar os que não tem chance ( e até os que tem, "é perdoando que se é perdoado" São Francisco) e aprender com a dor das mazelas sociais a nos comportar como verdadeiros cidadãos. A dor do outro pode ser a nossa um dia...
[ Brasil 2011: Fábrica de Wellingtons (+ 1) ]


por Bruno Cava

No começo do ano, escrevi sobre como a cobertura da grande imprensa em horas de comoção costuma ser pusilânime. Reproduz a morte à exaustão, explora a comiseração humana, estimula a cultura do medo. Tudo para fortalecer a agenda de segurança pública: mais vigilância, mais controle, mais punição. Se o luto consiste na esconjuração do que o morto tem de morto, para fazer valer a sua potência de vida, no (eterno) retorno do diferente que persevera em viver; a mídia da impotência fecha o zoom e pergunta aos entrevistados: e agora, como sobreviver na falta, como conviver com a morte? O jornalismo brasileiro agonizou de vez. Cada vez mais se impõe o desejo por um mundo pós-jornais que nos livre desse horror editorial.
Enquanto isso, na surrada narrativa cristã da Queda, fala-se em falência de valores. Como se o Brasil não fosse, desde o ovo, um país profundamente desigual, semicolonial, escravagista, ultraviolento, cuja cordialidade não passa de hipocrisia letrada, da condescendência humanistóide cevada nas mais chiques vernissages de seus salões acadêmicos.
Nunca houve impunidade por aqui, mas excesso de punição. Quem crê no sistema penal para mitigar mazelas sociais desconhece a via dolorosa que vai da ação policial às prisões, passando por autuações, inquéritos, varas criminais, tribunais de justiça, recursos, varas de execução etc. Em suma, pelos mil filtros e desvios e atalhos que tornam o sistema penal uma máquina de triturar pobres e negros. Sem qualquer serventia para uma pauta de esquerda, senão uma idealista, pois está idealizando o poder punitivo. A bem da verdade, dar vivas a um estado mais forte e repressor, sob qualquer pretexto imaginável, não tem como configurar uma posição emancipadora.
Sobrou até para a internet, novamente achincalhada pela velha mídia, desesperada ante a audiência perdida para a cauda longa de sites, blogues e redes sociais. Videogames? Que graça… a periferia do Rio já vive num regime de brutalidade permanente, direta e difusa. Nenhum morador do subúrbio carioca precisa jogar Counterstrike para vivenciar ao vivo e em cores a guerra. Sim, mais um caso em que negro pobre chacina negros e pobres, ou melhor, negras. Este crime tem cor e sexo. Vale lembrar como, no homicídio passional, a mulher geralmente morre (marido traído mata esposa e esposa traída, a amante).
Wellington é um cidadão como eu e você que, submetido a circunstâncias extremas por um longo período, acabou cometendo um ato extremo. Wellington nunca será santo nem demônio: um personagem demasiado real, tomado de dramas e carências, encharcado do fel da sociedade. Esquizofrenia não causa assassinato por si mesma. Nem todos levam na boa uma vida de opressão sistemática, vinda de todos os lados, sem rota de fuga.
Menos Febrônio Índio do Brasil ou Pièrre Rivière, mais para Seung-Hui Cho, jovem aliás da mesma idade de Wellington. Em 2007, matou 32 pessoas num instituto tecnológico americano, nos mesmos moldes do massacre em Realengo. Era um imigrante coreano num país atravessado por racismo, que reclamava ser tratado como bicho pelos colegas — abandonado a tratamentos inúteis por psiquiatras aborrecidos, vagamente interessados no paciente.
Na última década, a ascensão social e racial dos brasileiros acentuou a cultura do preconceito contra o diferente. No momento que pobres e minorias empoderam-se, que se formam mil classes-médias, a postura da reação torna-se mais agressiva, despudorada e odiosa. Ódio contra pobres, mulheres, negros, indígenas, minorias LGBT. Agrava-se um contexto de preconceito e repulsa que alimenta a criançada — fascista menos por natureza do que por copiar acriticamente a atitude de adultos, por absorver a violência disseminada nas frinchas do nosso sistema político.
Daí a gravidade de discursos inflamados de políticos como Bolsonaro e de religiosos fanáticos (inclusive parlamentares). Por sinal, mesmo sem desejá-lo, o “único deputado de direita do Brasil” serviu de grande referência da pequena, porém sintomática manifestação fascista e neonazista ontem, na Avenida Paulista — tão famosa ultimamente por seus atentados homofóbicos na madrugada.
Esse fenômeno também aparece de modo mais “cordial”, no almoço de domingo ou na roda do bar, quando, diante dos jovens, se discriminam pessoas diferentes, se contam piadas racistas ou contra nordestinos, se fazem comentários machistas, se propagam ideais punitivos e vingativos.
Inadvertidamente ou nem tanto, banhamos os nossos adolescentes nas águas podres do que de pior temos em nós, de preconceito, de medo, de bullying, de sectarismo, de incompreensão, de completa ausência de generosidade e mesmo de desprezo pela alteridade. Quanta burrice, agora querer levantar mais muros, espalhar mais câmeras, colocar mais guardas, punir com mais violência!
O resultado a olhos vivos é isso aí: doze crianças mortas. Não deveria surpreender tanto. Torço para que o espetáculo ao redor do caso não abra a caixa de Pandora, inspirando ações semelhantes no futuro. Desta vez, pelo menos, Wellington sequer deu o gostinho para alguém sair bradando pela “pena de morte contra vagabundo”.
-- Para saber mais sobre o(a) autor(a) do post, acesse o Amálgama --

domingo, 10 de abril de 2011

Sobre Realengo, escola e mídia

Reproduzo aqui o texto lido no Blog orealimaginado da companheira Rejane Maria onde reproduziu o post da Ana Flávia C. Ramos, do Blog Tabnarede, sobre a tragédia do Realengo e de como a sociedade está reagindo diante da espetacularização que a mídia vem fazendo em torno da tragédia. O texto da Flávia é uma excelente reflexão sobre tudo que vem acontecendo e que vem sendo falado sobre essa grande tragédia. (Rejane Maria)
Sinalizo que a negligência do estado, da sociedade, da família e da escola para com as pessoas "estranhas", "esquisitas", "malucas", "desajustadas", "sofridas" e "agressivas", como costumamos rotular, deve ser analizada e reparada.
Convivemos com inúmeras pessoas assim diariamente, vítimas do preconceito, dos rótulos e do descaso, que também precisam de ajuda, de tratamento, e quase sempre fazemos de conta que não vemos ou excluímos de nossa responsabilidade social.
Se o "mundo" está doente é preciso repensar nossas atitudes, ações sociais e solução para essas "pessoas-problema" que convivem conosco numa sociedade considerada "normal". 
Inocentes se vão, famílias sofrem e a dor que fica em nós nada mais é do que a impotência diante de tanta barbárie. (Mônica Ramos)

A escola não é uma ilha

Tragédias como a ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, sempre provocam grande comoção pública, indignação e, obviamente, tristeza pelas muitas crianças perdidas no atentado. Além desses sentimentos, tais fatos provocam também um grande tsunami de “especialistas”, mobilizados em velocidade estonteante pela mídia, para dar laudos e explicações quase matemáticas sobre as motivações do assassino. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, segundo as informações desses “cientistas da tragédia” (que variam de “criminólogos” a policiais militares), era tímido, solitário, filho adotivo, “usuário” constante do computador (a “droga” dos tempos modernos segundo os “analistas”), ateu, islâmico, fanático, fundamentalista, portador do vírus da AIDS e, provavelmente, vítima de bullying na escola.
Certamente não há como contestar que todo ato humano, e por isso histórico, se explica a partir da análise de uma cadeia de relações complexas. Como digo aos alunos, nada tem resposta simples e direta. Entretanto, o tipo de questão levantada para entender o terrível ato de Wellington Menezes de Oliveira diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre ele. Todos os nossos preconceitos estão embutidos nessas respostas. De fato, não sabemos, e talvez nunca saibamos, por que exatamente ele atirou contra cada uma das crianças (em sua maioria meninas), assim como não sabemos sobre as reais motivações dos muitos atentados como esse, ocorridos em países como Estados Unidos e Dinamarca. Mesmo depois de tudo o que se discutiu, ainda é difícil, por exemplo, explicar Columbine (abril de 1999).
Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção é a recorrência da explicação que elege o bullying escolar como um dos fatores que podem desencadear esse tipo de ato violento. A explicação não é nova, Columbine é prova disso. Há mais de dez anos atrás, dois meninos entram em uma escola, de capa preta (quase como em um filme hollywoodiano) e atiram em seus colegas. “Especialistas”, gringos agora, se apressam em dizer as razões: divórcio nas famílias, videogames, filmes violentos, Marilyn Manson, porte de armas facilitado e, como não poderia faltar, bullying na escola.
É inegável que o bullying é uma realidade. É indiscutível que ele é extremamente nocivo e doloroso aos alunos que sofrem com ele. É evidente que há urgência em iniciar um debate para saber como sanar o problema. Mas a pergunta que fica é: o que de fato é o bullying? Ele é um sinal (histórico) de que? E ainda mais: ele é um problema restrito à escola? Por que os alunos são tão cruéis com seus colegas?
Michael Moore, cineasta norte-americano explosivo, tentou dar a sua interpretação para o atentado de Columbine com o documentário Bowling for Columbine (2002). Moore, ao invés de repetir os clichês da mídia, foi implacável na destruição do senso comum das justificativas moralistas para o evento. Item por item, desde a desagregação da família, Manson, até a polêmica questão do porte de armas foram desconstruídos em sua narrativa. O foco centrou-se em respostas muito mais interessantes, localizadas não nos dois jovens assassinos, mas na sociedade americana. O imperialismo militarista dos Estados Unidos, a ação violenta em outros países, a política do medo (incentivada pelo Estado e pela grande mídia), que reforça e superestima dados sobre a violência urbana, sobre o fim de mundo, e, principalmente, a intolerância com todo tipo de diferença. Racismo, preconceito, homofobia, conflitos religiosos e luta de classes são só alguns dos ingredientes do caldeirão de ódios em que se transformou a sociedade americana.
Como crescer no Colorado, na “livre” América, e não ser conspurcado por esses valores? Como não idolatrar armas e achar que elas são um meio prático de solucionar problemas? Como viver imune a uma sociedade individualista, capitalista, que divide os seus cidadãos o tempo todo em “winners” e “loosers”? E mais ainda, como não se deixar levar por uma sociedade que até hoje não consegue lidar com a diferença entre brancos e negros? Uma sociedade que até os anos 1960 não oferecia direitos, oportunidades e tratamentos iguais a todos os seus cidadãos, tem o que para oferecer ao pensamento dos estudantes? Os americanos, ainda hoje, estão preparados para o respeito à diferença? A relação que eles mantêm com os muçulmanos diz muito. Definitivamente a liberdade e o respeito ainda não se transformaram em uma unanimidade por lá.
É claro que mesmo Moore não chega a dar respostas definitivas sobre a questão. E mais ainda: é evidente que ele considera a forma pela qual a instituição ESCOLA trata seus alunos (hierarquias e classificações hostis), ignorando muitas vezes o bullying, tem sua responsabilidade no massacre. Assim como é nítido que a venda facilitada de armas e munição são coadjuvantes importantes da história. Mas Moore foi corajoso ao lançar em cada um dos americanos a responsabilidade da tragédia e discutir aquilo que ninguém teve coragem (ou má fé) de fazer. Nem a mídia, nem o governo, nem a sociedade. É preciso encarar os “monstros”, com franqueza, e não apenas “satanizar” o ambiente escolar, para dar algum significado para esses eventos.
Ontem no Terra Magazine o antropólogo Roberto Albergaria afirmou que a mídia e a sociedade brasileira desejavam o impossível: explicações para um “desvario sem significado”. Segundo ele, o que Wellington Menezes praticou foi o que os estudos franceses chamam de “violência pós-moderna”, caracterizada por uma ruptura irracional, sem explicação. De fato, talvez tenha sido um “ato irracional”, fruto de um momento de insanidade. Mas acredito que esse tipo de resposta não nos ajuda a resolver coisas importantes sobre nós mesmos. A tragédia no Realengo, a meu ver, pode e deve ser início de um debate importante sobre a nossa sociedade.
A tragédia na escola do Rio de Janeiro acontece num contexto bastante relevante. Em outubro de 2009, Geyse Arruda foi hostilizada por seus colegas de faculdade porque, segundo eles, ela não sabia se vestir de modo “apropriado” para freqüentar as aulas. Em junho de 2010, Bruno, goleiro do Flamengo, é suspeito de matar a ex-namorada, Elisa Samudio, por não querer pagar pensão ao filho. Suposta garota de programa, Samudio foi hostilizada na opinião de muitos brasileiros. Após rompimento, Mizael Bispo, inconformado, mata sua ex-namorada Mércia Nakashima em maio de 2010. Em novembro de 2010, grupos de jovens agridem homossexuais na Avenida Paulista, enquanto Mayara Petruso incita o assassinato de nordestinos pelo Twitter. E mais recentemente, em cadeia nacional, Jair Bolsonaro faz discurso de ódio contra homossexuais e negros. Tudo isso instigado e complementado pelo discurso intolerante, preconceituoso, conservador e mentiroso do candidato José Serra à presidência da República. A mídia? Estava ao lado de Serra, corroborando em suas artimanhas, reforçando preconceitos contra Dilma, contra as mulheres e contra os tantos mais “adversários” do candidato tucano.
Wellington matou mais meninas na escola carioca. Se, por um lado, jamais saberemos as reais razões que o fizeram agir dessa forma, por outro sabemos o quanto a sociedade brasileira tem sido, no mínimo, indulgente com atos de intolerância, machismo, ódio e preconceito contra mulheres, negros e homossexuais. Se não há uma ligação direta entre esses diversos acontecimentos, eles pelo menos nos fazem pensar o quanto vale a vida de alguém em um contexto de tantos ódios? Quantas mulheres morrerão hoje vítimas do machismo? Quantos gays sofreram violência física? Quantos negros sentirão declaradamente o ódio racial que impregna o nosso país? O que é o bullying se não o prolongamento para a escola desse tipo de mentalidade? Quantas pessoas apoiaram as declarações de ódio de Bolsonaro via Facebook? Aquilo que acontece no ambiente escolar nada mais é do que um microcosmo do que a sociedade elege como valores primordiais. E o Brasil, que por tanto tempo negou a “pecha” de racista e preconceituoso, vê sua máscara cair.
Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens, um problema das escolas. Não adiante grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas. Como professora, sei que o que os alunos reproduzem em sala nada mais é do que ouviram da boca de seus pais ou na mídia. Não adiante pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa. Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas dá pra separar tudo isso? Dá pra colocar a questão só em “valores” dos adolescentes, da influência do malvado do computador ou dos videogames? Ou é suficiente chamar o ato de Wellington de uma “violência pós-moderna” sem explicação? Das muitas agressões cotidianas, a da escola do Realengo é apenas uma demonstração da potencialidade de nossos ódios. A única coisa que me pergunto é: teremos a coragem de fazer esse tipo de discussão?

Ana Flávia C. Ramos