Por Bruno Loturco
Maior do que o de um currículo e menor do que o de um dossiê. Esse é o nível de profundidade ideal para um portfólio, documento que tem a função de agrupar trabalhos e colocar, por exemplo, um entrevistador em contato direto com o potencial de um profissional. E faz isso ao apresentar de forma clara e objetiva.
Enquanto um dossiê compila todas as produções do profissional, sem exceção e com descrição detalhada e aprofundada das experiências pelas quais passou, o ideal é que o portfólio contenha apenas as peças principais. Ou seja, aquelas que melhor traduzam o talento e a dedicação do profissional. Essa é a opinião de Ana Lucia Lupinacci, Diretora do Curso de Graduação em Design da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). "Não é o caso de lotar de trabalhos, mas de reunir produções que determinem a forma de o profissional entender determinados assuntos, contextualizando o impacto, a coesão e a coerência com a proposta inicial", diz ela.
Apesar de seu caráter seletivo, o portfólio deve reunir material em quantidade e diversidade suficientes para representar todas as frentes de atuação de seu autor. "Quanto mais variado, melhor para mostrar as possibilidades de trabalho e demonstrar a habilidade do profissional em transitar por diferentes meios", analisa Patrícia Passos, professora do curso de publicidade e propaganda da Universidade Anhembi Morumbi. Segundo ela, mesmo quem está em início de carreira e não tem trabalhos em grande quantidade deve evitar colocar peças não tão boas. Caso contrário, Patrícia acredita que o portfólio pode prejudicar o profissional mais do que ajudar.
Portfólio x currículo
Embora mais recorrente em áreas da comunicação e das artes, Patrícia acredita que a experiência de criar um portfólio e utilizá-lo como instrumento de divulgação profissional serve também para profissionais de outros setores, especialmente aqueles envolvidos com criação, projeto e finalização. "Essas atividades pedem portfólio, pois dizer que 'faz bem alguma coisa' é diferente de mostrar 'eu fiz isso assim'", elucida a professora.
Gerson Kiste, gerente de educação da Fundação Vanzolini, concorda. De acordo com ele, o foco dos processos de seleção modernos está voltado para a apresentação de resultados. Caso o portfólio consiga retratar a participação do profissional nos resultados da empresa, é o documento mais adequado para enfrentar o processo de seleção do que o currículo. "O profissional precisa identificar de maneira bastante clara qual é sua efetiva contribuição na obtenção de resultados", afirma ele.
A dificuldade que profissionais de áreas como administração e engenharia, por exemplo, têm para mensurar a contribuição individual que dão à empresa é um dos limitadores à ampla adoção do portfólio por essas categorias, opina Kiste. Ele explica que esse tipo de informação é característica dos portfólios, que não combinam com a simples menção de habilidades e competências, inerente aos currículos. "O que efetivamente dá valor e peso ao portfólio é a efetiva participação nos resultados, especialmente nos mensuráveis. O mercado valoriza muito isso", declara ele.
Por isso, a aposta de Kiste é no fortalecimento da tendência de utilização de portfólio no lugar de currículo, tendo como porta de entrada o segmento de vendas, em que apresentações de resultados, afirma, seriam mais valorizadas. Ainda assim, a recomendação dele é para que, sempre que possível, o profissional troque o currículo pelo portfólio.
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